A Apple sofreu dois revezes nesta sexta-feira, 3, ao confirmar que adiará o sistema no iCloud para sinalizar e denunciar às autoridades dispositivos de usuários que contenham imagens de abuso sexual infantil (Child Sexual Abuse Material, ou CSAM, em inglês) e ao receber uma carta dos funcionários pedindo mudanças na empresa.
Em nota divulgada para a 9To5 Mac e outros sites norte-americanos, a companhia confirma que usarão um “tempo extra” para buscar mais informações com clientes, grupos de direitos e pesquisadores para “fazer melhorias” antes de lançar a plataforma.
No anúncio, a solução da Apple foi contestada por aqueles que identificaram a ferramenta como uma forma de invadir a privacidade dos usuários, pois temem que ela possa ser ajustada e usada para censurar outros tipos de conteúdo em dispositivos.
Carta aberta
Outro impacto na Apple chegou no fim da tarde desta sexta-feira, 3, com a publicação de uma carta aberta dos funcionários. Destinada ao CEO TIM Cook e a diretores da empresa, o comunicado diz que, diferentemente da visão apresentada pela empresa de “igualdade e diversidade”, a Apple é uma empresa com uma cultura de “assédio e discriminação”, algo que deixou muitos dos funcionários “vulneráveis”.
O grupo ainda explicou que quando procuram apoio para denunciar a cultura tóxica ou pretendem sair em licença médica, a Apple tenta invadir a privacidade dos dados de seus funcionários ou pedir dados médicos dos últimos dois anos: “Apple se orgulha de suas políticas de privacidade, ainda assim parece que a privacidade não é uma preocupação para seus funcionários”, diz trecho da carta.
O texto explicita ainda que muitos funcionários têm essas provas documentadas e que a Apple deve cumprir a promessa de inclusão, diversidade e igualdades, com um ambiente em que todos se sintam “seguros” e tenham oportunidades e tratamentos “iguais”.
Semana
Essa é mais uma novidade na semana cheia que a empresa teve. Além do adiamento do CSAM e da carta aberta dos funcionários, a Apple ainda esteve envolvida uma série de notícias, como:
– compra do streaming de música erudita Primephonic;
– rumores de conexão por satélite no iPhone 13;
– regulação na Austrália para carteiras digitais, como o Apple Pay;
– lei sul-coreana permitindo que usuário faça compras in-app fora da App Store;
– lista dos primeiros estados norte-americanos que adicionaram carteira de motorista e identidades locais na Apple Wallet;
– acordo fechado com o regulador japonês para aplicativos de leitura (readers) incluírem um link para seus sites, o que era proibido antes.
