Há diversas plantas industriais que demandam o monitoramento dos funcionários por razões de segurança. São locais que lidam com materiais inflamáveis ou tóxicos, por exemplo. Para viabilizar isso, a startup brasileira Phygitall desenvolveu um produto chamado “smart badge”, uma espécie de crachá inteligente. Trata-se de um equipamento dotado de vários sensores, como barômetro, magnetômetro, acelerômetro, giroscópio e GPS; um pequeno display monocromático para a exibição de mensagens; e antenas para comunicação por Wi-Fi e Lora. O crachá tradicional deve ser acoplado ao equipamento, que lê a identidade do colaborador por NFC.
Os smart badges ficam disponíveis para os funcionários em um totem na entrada da planta industrial. Basta pegar qualquer um e acoplar em seu crachá tradicional. O equipamento pesa 90 gramas e pode ser guardado no bolso ou pendurado no macacão. A partir daí, o colaborador passa a ter seus passos monitorados dentro do ambiente. Sua localização é captada por triangulação de sinais Wi-Fi. E a comunicação com a central é feita via Lora. O smart badge tem certificação Atex, que garante que ele não corre risco de explodir quando exposto a um ambiente hostil, com altas temperaturas, por exemplo. Ao fim da jornada, o equipamento é devolvido a um totem, onde recarrega sua energia. A bateria dura 17 horas.
“O objetivo não é só geolocalizar o colaborador no chão de fábrica, mas identificar comportamentos inseguros, que o exponham ao risco. Podemos identificar uma queda, um pulo, uma corrida na planta”, descreve Lucio Cesar Ferreira Neto, cofundador da Phygitall e responsável pelo marketing da startup.
O smart badge contém um botão de pânico, para ser pressionado pelo funcionário em uma situação de emergência. Mensagens de alerta podem ser apresentadas na tela do aparelho, que também pode vibrar em caso de necessidade de evacuação do local.
O deslocamento dos colaboradores pelo chão de fábrica é acompanhado em um painel pelo gestor, de onde é também controlada a comunicação com os crachás inteligentes, enviando mensagens e alertas.
O produto foi 100% desenvolvido pela Phygitall e a fabricação é feita por um parceiro em São Paulo.
Demanda
A solução é vendida como um serviço. Os equipamentos são entregues em comodato. “Muitos clientes preferem assim, pois ninguém quer gerenciar mais ativos. Desta forma não precisa de Capex. Nós garantimos suporte. E podemos substituir o dispositivo se necessário”, explica Gustavo Soares Nascimento, cofundador e CEO da Phygitall.
“Há demanda da indústria petrolífera e também de alimentação, passando pela automobilística. E vemos que a procura foi acelerada pela pandemia. O conceito de connected work já existia, mas a pandemia escancarou a deficiência que havia no mercado”, comenta Ferreira Neto.
A Phygitall conseguiu como primeiro grande cliente uma empresa de logística, que contratou 400 licenças. E há negociações em curso com grandes companhias do ramo de combustíveis. A expectativa é ter entre 3 mil e 5 mil crachás inteligentes em operação até o fim de 2022, prevê o executivo.
Futuro
A startup avalia a possibilidade de aperfeiçoamento da solução, com a inclusão de outros sensores e funcionalidades demandados pelo mercado, como um detector de ruído e o monitoramento de sinais vitais através da medição da temperatura do colaborador com o uso de um fone de ouvido.
Paralelamente, está sendo desenvolvida como um desdobramento do produto uma pulseira inteligente. Mais leve e compacta, ela servirá para monitorar visitantes dentro de fábricas e garantir, por exemplo, que não acessem áreas restritas.
A Phygitall também desenvolve soluções de rastreamento de ativos através de redes Lora e Wi-Fi, tendo realizado projetos para Embraer, Marinha do Brasil, CSN, Renault e Gerdau.