Promover um ambiente mais democrático, que permita o desenvolvimento dos diferentes meios de pagamento que existem e não valorizar apenas um. Para Percival Jatobá, vice-presidente de soluções e inovação da Visa do Brasil, o equilíbrio entre os participantes “para não carregar mais para um lado”, como dito por ele, é fundamental durante a fase 3 do open banking, que começa a valer a partir de 29 de outubro. Para o executivo, a entrada em primeiro lugar do Pix no cronograma de iniciador de pagamentos cria uma assimetria entre os participantes.
“Tenho uma preocupação com a simetria entre os participantes para que não se carregue mais para um lado do que para outro. Tem que ter Pix, mas tem que ter credencial de pagamento para que todos joguem e tenham liberdade de escolha”, afirmou o executivo da Visa durante sua participação do segundo dia do MobiFinance, evento promovido por Mobile Time nesta quarta-feira, 20. De acordo com o executivo, o fato de o Pix entrar primeiro no cronograma de iniciador de pagamentos – que acontece na fase 3 do open banking, com data prevista para começar a partir de 29 de outubro – cria uma assimetria entre os participantes do ecossistema de pagamentos.
Modelo de negócio
Júlio Gomes, vice-presidente de experiência do cliente da Cielo, participou da reunião da estrutura de governança do open banking que decidiu fragmentar o cronograma e começar pelo Pix. Não dava para fazer tudo ao mesmo tempo. E começou pelo Pix. O que precisa é ter um framework que seja equilibrado entre fintech, reguladoras e bancos. A fintech traz agilidade, talento, foca na experiência do cliente. Por outro lado, o banco mira em segurança, credibilidade, marca, produtos. Tem fricção dos dois lados. Mas o melhor modelo para o País é a coordenação entre eles”, explicou.
Gomes entende que há muita preocupação técnica na definição do cronograma do open banking, mas faltaria uma discussão estratégica. O executivo acredita que a resposta para que as empresas façam a diferença no mundo dos arranjos de pagamento e open banking está na capacidade de análise de dados. Ou seja, para uma fintech, jogar o jogo sozinha não vai funcionar, segundo Gomes. É preciso de uma série de empresas, juntas, em parceria, para que dê certo para todas. As grandes têm capacidade de análise de dados e as fintechs têm flexibilidade e agilidade, por exemplo. “Se consigo montar uma operação com varejista, operadora, fintech, entre outros parceiros, consigo jogar o jogo. O que falta é uma discussão de modelos de negócios”, avalia.