Soluti

Alexandre Torres é CIO da Soluti, empresa de certificação digital, e responsável pelo desenvolvimento da tecnologia de reconhecimento facial com inteligência artificial. Foto: divulgação

A Soluti desenvolveu internamente uma tecnologia de reconhecimento facial com inteligência artificial. A ideia é não precisar depender mais de soluções de fornecedores, aprender e dominar a tecnologia, que será ferramenta-chave para novos serviços, além de reduzir os custos.

“Usamos um fornecedor para isso. Mas a Soluti tem se posicionado como uma IDTech e dominar toda a cadeia de valor no que diz respeito à identidade digital é estratégico para a gente”, diz Alexandre Torres, CIO da empresa de certificação digital.

O desenvolvimento da solução começou ainda no primeiro semestre deste ano e já está em uso. Neste primeiro momento, a ferramenta está embarcada nos serviços oferecidos na área médica, tais como assinaturas de prontuário eletrônico e prescrição médica, e o login sem precisar digitar senha. “Uma das soluções que vamos iniciar é o login sem fricção. A pessoa olha para a câmera do celular e consegue se conectar no sistema”, conta.

A Soluti também utilizará o reconhecimento facial com IA como um atributo a mais de segurança na assinatura digital de documentos.

Futuramente, a ideia é que a ferramenta seja embarcada em outras soluções da empresa e ajude no desenvolvimento de novos serviços. É o caso, por exemplo, do seu uso para fazer prova de vida e reconhecimento de documentos.

A inteligência artificial

Torres explica que a IA utilizada é uma rede neural convolucional (CNN na sigla em inglês), uma espécie de deep learning capaz de identificar imagens. “No deep learning, faço uma abordagem de neurônios, entradas, uma conta matemática e uma saída. Preciso de uma quantidade de dados enorme, programo os neurônios, que pegam os dados, a IA faz uma previsão e compara com os dados de treino. Se a IA errou, ela mede o erro e ajusta os pesos de cálculo. Ela refaz o processo e tenta novamente identificar a imagem correta. E isso acontece repetidas vezes até chegarmos a uma porcentagem de acerto adequada, por exemplo: 85% por cento de chance de ser essa pessoa. É preciso treinar até chegarmos a uma porcentagem que a regulamentação aceita”, explica Torres. O CIO diz ainda que cada foto nova que entra no sistema é uma nova recalibragem a ser feita para que a inteligência artificial identifique a nova imagem.

Para o desenvolvimento da tecnologia a Soluti precisou utilizar bases de dados públicas encontradas na Internet. “Mas como o treinamento da IA faz parte do processo de identificação, tem a ver com o processo de certificado de identidade digital, podemos usar a nossa própria base neste caso”, explica Torres. Ou seja, é possível usar o próprio banco de dados para treinar a inteligência artificial sem entrar em conflito com a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados).

Para continuar em conformidade com a LGPD, a Soluti precisa pedir autorização para todos os diferentes serviços que a empresa oferece. Por exemplo, se uma pessoa quer utilizar a solução de login sem fricção já tendo um certificado digital da empresa, ela terá que autorizar novamente o uso de seus dados para poder utilizar o serviço de entrada no sistema sem digitar uma senha.

Números

Em 2021, a Soluti prevê chegar a 2,8 milhões de emissões de certificados digitais. O valor representa aumento de 46,2% na comparação com 2020, quando foram emitidos 1,341 milhão de certificados digitais. Se a comparação for antes do período de pandemia do novo coronavírus, ou seja, 2019, o aumento é de mais de 100%.

 

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