| Publicada no Teletime | Na avaliação de Luís Henrique Barbosa, presidente da TelComp, entidade que reúne as empresas competitivas do mercado de telecomunicações, um dos motivos do leilão da faixa de 26 GHz ter tantos lotes desertos foi a inclusão das obrigações de conectar as escolas e incertezas na rentabilidade no uso das frequências da faixa.
Barbosa entende a importância e mérito da obrigação para a educação, mas a sua inclusão em uma faixa que ainda representaria muitas apostas de negócios, até mesmo para as grandes operadoras, fez com que os pequenos e médios provedores não tivessem tanto interesse por disputa-la.
“O desapontamento do leilão como um todo ficou na faixa de 26 GHz. Acredito que isso aconteceu porque foi apontado de última hora a obrigação de conectar as escolas. E isso não foi feito pela Anatel, e sim pela pressão política no TCU. Apesar de muito meritória a obrigação, talvez ela tenha pesado muito em uma faixa na qual o bussines plan não esteja muito claro” disse o presidente da TelComp ao Teletime.
O aspecto da rentabilidade é outro problema que pode ter afetado a disputa pelos lotes da frequência nessa faixa. Segundo Barbosa, a única certeza que se tem é que haverá demandas, especialmente de setores produtivos como agronegócio, indústrias em geral e mercado corporativo, mas não se sabe quais aplicações serão essas e o quão rentável será ofertar esses serviços. “No meu entender, isso também ajudou a afugentar o interesse de pequenos provedores pela faixa de 26 GHz”, disse o executivo.
Leilões futuros
Barbosa acredita que daqui para frente a presença de empresas competitivas nos leilões de frequência será mais intensa, inclusive nos leilões futuros das frequências não arrematadas neste leilão do 5G. “Não existe sobra, e sim refarming de algumas faixas. E acredito que será natural a presença de operadoras competitivas nos leilões futuros. Acredito que essa será uma constante daqui para a frente”, afirmou.
Rede Neutra
Perguntado se há expectativas de que algumas vencedoras ofertarão frequências no atacado, Barbosa respondeu positivamente, especialmente porque acreditava-se que a empresa Highline fosse disputar frequências para essa finalidade. Como isso não ocorreu, ele espera que a Winity seja de fato uma operadora com atuação no atacado para as operadoras competitivas. “Ela é super bem-vinda, inclusive como associada da TelComp”, contou Barbosa.
O presidente da associação lembra que, como o espectro é um bem escasso, precisa ser utilizado. “E temos, sim, uma expectativa de mercado atacadista. Que ele seja fluido, na medida em que alguns agentes tenham um incentivo natural para ofertar esses recursos no atacado. Outros, como são integrados verticalmente, o que leva ao atendimento ao consumidor final, isso pode não acontecer”, ressaltou.
Barbosa também destacou que existe uma agenda da TelComp para o Regulamento de Uso do Espectro (RUE) no mercado secundário para o PGMC. A entidade defende que sejam criadas obrigações na medida em que as operadoras ofertem esse recurso para o atacado. “Essa é a expectativa da associação”, finalizou seu presidente.