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A crise de supply chain que afetou o mercado de semicondutores e o comércio global a partir de meados de 2020 com a pandemia do novo coronavírus (Sars-Cov-2) ainda deve sofrer efeitos em 2022. De acordo com Alex Katouzian, vice-presidente da divisão de mobile, compute e infraestrutura da Qualcomm, a indústria só deve se recuperar da crise em 2023.

“Veremos um alívio (da demanda) na cadeia de suprimentos em 2022 e esperamos que, em 2023, nós recuperemos a posição que tínhamos antes”, prevê o executivo, ao lembrar que o mercado sofreu um duro impacto por um período entre nove e dez meses de 2020-2021.

Mesmo com uma análise pragmática, Katouzian afirma que a Qualcomm vem se preparando para essa problemática em uma janela de 18 meses, ao conversar com parceiros para ampliar a manufatura de chips em diferentes fábricas, de modo que o seu mercado consumidor não fique desabastecido, inclusive no 5G.

“Fomos afetados muito pouco pela crise do supply chain. E isso afetou quase nada a entrega (de chips) 5G”, revelou.  “Nós tivemos falta de chips, mas a entrega não foi afetada. De fato, o 5G segue em uma taxa de crescimento exponencial na companhia”, completou em conversa com jornalistas nesta quinta-feira, 2.

Quinta geração

Outro tema abordado na conversa foi o próximo desafio do 5G para a Qualcomm. Durga Malladi, vice-presidente sênior e gerente geral de 5G, conectividade móvel e infraestrutura, disse que o foco agora é consolidar a quinta geração em todas as frequências disponíveis. Deu como exemplo o Brasil, que acabou de passar pelo leilão com faixas que vão dos 700 MHz aos 26 GHz. Vale lembrar que a companhia chegou aos 10 Gbps de velocidade de download com o novo Snapdragon 8.

“Diferentes regiões no mundo combinam bandas sub 6 GHz com mmW e vice-versa. Portanto, o nosso foco é garantir que a partir de mais instalações de redes Standalone (Padrão 16 do 3GPP) em 2022 e 2023 as operadoras possam ter habilidade de explorar e misturar esses dois tipos de frequência”, afirmou Malladi. “A nossa ênfase sempre foi ‘vá ao bitrate mais alto’, mas tenha certeza de que há diversas oportunidades para flexibilizar o investimento”, concluiu.

Em resposta ao Mobile Time, Malladi também explicou sobre o atual debate no FCC e na FAA, sobre a possibilidade de interferência entre 5G e radioaltímetros usados na aviação. O VP da Qualcomm ressaltou que o problema é na relação entre as ERBs e os radioaltímetros (muitos estão defasados). Ou seja, o problema não está nos devices dos usuários. Colaborando com os reguladores e operadoras norte-americanas, a Qualcomm acredita que há diversas maneiras de se resolver esse problema e vê com otimismo o diálogo entre os envolvidos, mas lembra que, no fim do dia, caberá à FAA e FCC definirem a solução final.

Concorrência

Durante a coletiva, Katouzian respondeu sobre concorrência com Apple (M1) e Google (Tensor) no mercado de chipsets móveis. O VP da fornecedora disse que a posição da Apple reforça o discurso de que sua companhia vem trabalhando nos últimos anos e que dispositivos como laptops “estão ficando cada vez mais móveis”.

Sobre Google e o chipset Tensor, que foi embarcado nos novos smartphones Pixel, Katouzian afirmou que é natural que fabricantes queiram entrar no segmento de semicondutores, mas acredita que é possível ter uma “relação saudável”, sendo fornecedor e concorrente ao mesmo tempo, como acontece com a Samsung, que usa chipsets Qualcomm e Exynos em seus handsets.

 

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