A quebra de silos de dados em grandes empresas que monopolizam a indústria já tem um próximo alvo. Depois das indústrias de finanças, seguros e investimentos, os especialistas que estão inseridos na jornada de open banking acreditam que o setor de saúde deve ganhar um sistema aberto.
“A saúde talvez seja a bola da vez pela granularidade das informações. Não é pensar só na cura, mas na prevenção. Tem um potencial de acelerar muito rápido. É um setor que precisou se adaptar muito rapidamente pela pandemia”, disse Luciano Alves, country manager da Zabbix na América Latina, durante painel no 5×5 Tec Summit.
“Nós estamos indo para o open asterisco. O indivíduo ser dono dos seus dados, muda o jogo. Mas está todo mundo se adaptando. Nós ainda não temos uma noção de onde isso vai chegar, mas as empresas começam a se preparar para isso”, completou.
Segurança
Para Gabriel Sampaio, especialista da Red Hat, o “open health” é uma necessidade. Mas o profissional enxerga desafios e obstáculos, como a segurança e a necessidade de customizar a experiência do usuário na plataforma de forma contínua. O tema da segurança dos dados saúde também preocupa Paulo Farias, head of financial services na Elastic.
“Tem todo um mercado a ser explorado. E isso é um caminho para o open X. Mas os obstáculos são a regulação e a segurança de dados. Eu (cliente) quero a garantia de que meus dados de saúde não sejam vendidos em barraquinhas na Praça da Sé”, disse em alusão à venda de base de dados que pode ser encontrada entre ambulantes na região central de São Paulo.
Em sua fala, Farias citou opções de negócios que podem surgir a partir do open health: “O prontuário médico é muito fragmentado. Nós vemos disrupção na saúde. Primeiro com passe para academia. Depois, psicólogo. A pandemia levou avanços ao setor (vide telemedicina). Eu vejo forte integração com seguros, por exemplo, ao reduzir planos de seguro com pessoas que tem bons hábitos”, completou .
Viabilidade
Por sua vez, Karen Machado, gerente de open banking do Banco do Brasil, tem dúvida quanto à viabilidade do open health. A executiva lembra o caso de uma big tech que tentou fazer uma carteira digital de saúde, mas não conseguiu avançar por problemas de integração e padronização no setor.
“Não vejo isso sair sem a mão de um regulador e padronização de muitos players”, afirmou Machado. “Existe um desafio de perder o monopólio da informação para os players do mercado. E ‘n’ vezes mais complexo que o open banking”, concluiu.
Ulysses Pacheco, líder de vendas de finanças no time AWS Setor Público, acredita que além da saúde, o acesso do cidadão aos dados (chamado no painel de open citizen) também é uma etapa interessante na esteira de evolução de abertura de dados em setores produtivos da sociedade. Neste caso, Machado, completa e diz que o “open talvez não seja só de temas ou indústrias”, mas de integração entre elas.
5×5 Tec Summit
O evento 5×5 Tec Summit é organizado pelos portais jornalísticos especializados Convergência Digital, Mobile Time, Tele.Síntese, Teletime e TI Inside, com a proposta de debater a modernização de cinco setores essenciais para a economia brasileira: governo, saúde, energia, finanças e entretenimento. Nesta sexta-feira, 10, o assunto a ser abordado é o entretenimento, finalizando o ciclo de debates.