IBBX

A energia desperdiçada no ar pode ser coletada e transformada em energia útil. O desafio foi alcançado pela IBBX, uma startup da pequena Capivari/SP, região de Piracicaba, quando a empresa conseguiu, com uma pequena caixa, coletar energias perdidas no ambiente para carregar pequenos dispositivos, como um celular ou um tablet. Um dos testes foi realizado em plena Avenida Paulista, por ter uma série de antenas de rádio, TV e telefonia celular, ou seja, ruídos e sinais eletromagnéticos. A caixa, por meio de um cabo, conecta o aparelho. A ideia é que o produto seja aprimorado e se torne algo como uma capinha de celular ou até mesmo seja acoplado ao próprio device, vindo com a solução de fábrica com o equipamento embutido, sem nada ligado ao aparelho.

Os estudos não pararam por aí. A empresa desenvolveu um sensor que transmite informações sobre o funcionamento de máquinas com uma miniantena – de alguns centímetros –, para ser usado na indústria. A antena captura a energia dispersa dos motores das máquinas presentes no ambiente e alimenta o próprio sensor. Assim, um dispositivo, cuja vida útil é de cerca de um ano, pode durar de seis a sete vezes mais.

“Não abandonamos o carregamento do celular, mas sabemos que não estamos mudando o mundo. A indústria 4.0 não decola (no Brasil) por dois grandes gargalos: conectividade e autossuficiência energética. A indústria depende de bateria e sensor, Wi-Fi e 3G e 4G para transmitir dados. E isso tudo é muito caro. A conectividade é muito cara. Nossos sensores garantem uma bateria autossuficiente e a conectividade mais barata e escalável nesse ambiente hostil que é uma planta de uma indústria”, explica Pedro Rodrigues, diretor financeiro e comercial da IBBX, em conversa com Mobile Time.

“A indústria é um dos últimos pilares a se digitalizar. Ela é pouco digitalizada. Para se digitalizar e poder utilizar o poder das máquinas, para trabalhar e processar dados e analisá-los, você precisa de uma alta volumetria de dados. Mas isso consome a bateria dos sensores”, explica. Os nossos sensores são mais econômicos e permitem a digitalização da indústria. Estamos garantindo que a bateria vai durar por anos e anos”, garante Rodrigues.

O “pulo do gato” da IBBX foi o desenvolvimento da antena de apenas alguns centímetros. Ela, de acordo com o diretor financeiro e comercial, entrega o que uma antena de tamanho normal entrega. “Conseguimos fazer a transmissão dos dados acontecer por meio de uma antena de centímetros quando a teoria física dizia que isso era impossível. Nosso time de engenheiros precisou reescrever algumas equações tradicionais da física”, afirma o executivo sem revelar de qual frequência se trata.

Vale dizer que a energia capturada precisa ter a densidade necessária para fazer o sensor funcionar. Para isso, os sensores são dispostos próximos às máquinas para garantir a “qualidade” dessa energia e de que os sensores funcionarão.

Os dados coletados ajudam a empresa a produzir estatísticas sobre o equipamento e a predição de falhas. Na prática, o sensor se comunica com um roteador que, por sua vez, se comunica com a nuvem da IBBX. Os dados brutos são capturados e o software da startup os transforma em informação para a empresa, mostrando o status do equipamento e fazendo um checkup diário da máquina. “Podemos indicar problemas futuros e antecipamos um problema”, explica Rodrigues. Para a leitura dessas informações, a IBBX oferece uma solução mobile e, futuramente, web.

“Estamos entregando valor à indústria. Mas ele nem sempre é tangível. Instalamos os sensores em uma empresa de abastecimento de água e um deles alertou que a bomba iria parar por conta de um problema de lubrificação. Meses antes, sem os sensores, essa mesma bomba quebrou e a concessionária desabasteceu cerca de 20 mil casas por causa da falha. Como avaliar isso?

Atualmente, 20 indústrias utilizam a solução da IBBX.

Modo manual e modelo de negócio

“Em muitas indústrias o sensoriamento é manual. Ou seja, vai uma pessoa com um estetoscópio, ausculta a máquina e dá um diagnóstico. Essa é a nossa concorrência”, diz Rodrigues.

O modelo para a solução é de SaaS. Segundo o executivo, a ideia não é comercializar os sensores, mas a prestação do serviço. “O cliente compra os sensores mais baratos porque vai usar crédito fiscal. Em uma indústria, investir em sensores é muito caro porque eles duram um ano, em média. Por isso, é preciso trocar com frequência, ou seja, a empresa tem sempre uma despesa fixa no orçamento. Mas quando garanto que a bateria dura mais de 6 anos, dou à indústria uma perspectiva de Capex. Ela amortiza e torna mais palatável e aí a conta fecha. Hoje, não fecha porque os sensores são uma despesa no orçamento”, completa.

 

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