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Com o aumento da gasolina, dos cancelamentos de corridas e a saída de motoristas das plataformas de corridas particulares, os especialistas do segmento de mobilidade urbana ouvidos pelo Mobile Time acreditam que pode existir racionalização das operações dos dois grandes players, abrindo mais espaço para apps regionais. Para Simone Ponce, vice-presidente de negócios da Eats for You (Android, iOS) e ex-gerente operacional da Uber na América Latina, o mercado de mobilidade urbana foi construído com base em subsídios (como cupons de desconto para o consumidor) e agora a conta chegou, o que pode trazer o fim da operação em regiões que não são tão rentáveis.

“Seria mais rápido o fechamento de operações (regiões) que abandonar o mercado [como fez Cabify]. Algumas operações com prejuízo se encerrariam mais rápido. Mas ao mesmo tempo que vemos prejuízo financeiro, o País continua barato para entrada de players de fora. Existe um interesse grande, como vimos no delivery. Mas quanto à maturidade do negócio, talvez não faça sentido para maiores. Delivery e last mile podem crescer e podemos ter crescimento dos menores”, afirma a executiva, hoje em um app de refeições caseiras.

De acordo com uma pesquisa recente da Vah (Android, iOS) 42% dos brasileiros começam a olhar mais para o transporte público como alternativa de locomoção; 38%, para táxis; e 26%, para bicicletas.

Ponce lembra que, a partir de 2021, as plataformas Uber e 99 iniciaram uma estratégia mais “agressiva de retenção”, pois começaram a fazer cálculos para entender quando compensa para o condutor associado dirigir. Como resultado, houve o horário da redução da tarifa dinâmica, programa de fidelização e oferta de outros benefícios, como acesso a carros alugados e combustível mais barato.

“É preciso inteligência operacional para promover ganho de eficiência e entender a complementaridade de linhas de produtos em seu portfólio. Como a integração de delivery e passageiro. Distribui-se a demanda com mais possibilidade de ganho. Enquanto a plataforma não entender o motorista como algo estratégico, o risco é o encerramento da operação. Seria recomendado o mapeamento das vulnerabilidades e a participação de benefícios. E olhar o consumidor também como parte da equação”, completa a COO.

Para Marcio Bern, CEO da Vah, a decisão de racionalização e saída de mercado “acaba sendo necessária” para essas empresas. Ele compara com as companhias aéreas eliminando suas linhas para mitigar os prejuízos e a falta de viagens durante a crise do novo coronavírus (Sars-Cov 2). Em sua visão, isso abre o espaço para os pequenos.

“Não imagino que isso (racionalização) aconteça nas grandes cidades, mas pode acontecer nas cidades menores. Os apps regionais podem ir para essas localidades”, disse Bern. “Na reformulação que está em curso no Vah, estamos conversando com algumas empresas. Contudo, o Vah ainda é muito concentrado nos grandes centros. Queremos trazer os menores”, completa.

Pelo lado das grandes plataformas do mercado, Lívia Pozzi, diretora de operações e de produtos da 99 (Android, iOS), disse que não poderia compartilhar informações estratégicas, como a redução de companhias nas praças. Porém, afirma que, como empresa de tecnologia, estão “constantemente monitorando índices e avaliando” as atividades em cada localidade.

A Uber foi procurada mais de uma vez por esta publicação, mas não respondeu.

Especial de mobilidade urbana

Esta é a segunda parte do especial sobre o novo cenário da mobilidade urbana com a retomada gradual das atividades presenciais em 2022. Na primeira matéria vimos como o táxi volta a ganhar relevância nas grandes e ser alternativa. Por outro lado, as corridas com carros particulares sofrem com o aumento do combustível, cancelamento de corridas e depreciação deste modal.

Importante dizer que a recente pesquisa de Panorama de Apps Mobile Time/Opinion Box de dezembro de 2021, indica que a Uber segue como o sexto app mais presente na tela principal do smartphone do usuário brasileiro. E até outubro do ano passado, de acordo com outra pesquisa da série, era ainda disparado o app mais usado no Brasil para corridas em automóveis.

 

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