Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro, em coletiva de lançamento do aplicativo de delivery do município, Valeu. Foto: Isabel Butcher
A prefeitura do Rio lançou oficialmente nesta segunda-feira, 28, o aplicativo Valeu (Android, iOS), voltado para delivery de bares e restaurantes cariocas com taxas mais convidativas para estabelecimentos e entregadores. A ideia é competir diretamente com as plataformas atuais – como iFood, Rappi e James Delivery – de modo a forçá-las a reduzirem as taxas cobradas aos estabelecimentos, cuja média, segundo Pedro Paulo Carvalho, secretário de Fazenda e Planejamento, está entre 13% e 28%. Atualmente com 150 restaurantes cadastrados – porém somente cerca de 30 deles atuantes, com cardápios –, a solução está em fase de testes, pretende gerar economia de até 20% aos comerciantes e planeja chegar a uma base de 2,5 mil estabelecimentos até o fim do ano.
Atualmente, o app está direcionado somente para restaurantes e bares e os entregadores usados são dos próprios estabelecimentos. Em um momento mais adiante – uma segunda etapa do produto, talvez quando a prefeitura atingir o número desejado de cadastros – o app será aberto para que outros entregadores da cidade possam se cadastrar.
Em resposta a Mobile Time, Cardoso explicou que a plataforma está preparada para fazer o salto e receber as inscrições de entregadores que não fazem parte dos bares e restaurantes. Mas a prefeitura pretende segurar até que o Valeu engrene e dê certo. “Teremos essa segunda etapa depois de uma adesão significativa por parte dos estabelecimentos”, disse.
O algoritmo desenvolvido pela Empresa Municipal de Informática do Rio de Janeiro (IPLANRIO) prioriza os estabelecimentos próximos ao usuário. Não haverá publicidade nem pagamento para que um se sobressaia na plataforma ante a outros bares ou restaurantes. A ideia é ser o mais democrático possível.
Pedro Paulo Cardoso (de blusa preta), prefeito Eduardo Paes (de boné, em pé) e equipe de entregadores uniformizados do Valeu. Foto: Isabel Butcher
“Estou me sentindo o Xi Jinping do capitalismo de estado”, brincou na coletiva com a imprensa o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), nesta segunda-feira, fazendo referência ao presidente da China. “O capitalismo de estado serve?”, questionou. “O governo tem mais chance de aportar mais recursos. Se o SindRio fizesse sozinho, seria mais complicado. Para a prefeitura, cuja função é fornecer serviços, fazer esse investimento sai na urina. Entendam, sou a favor do capitalismo, mas essas taxas cobradas por iFood e Rappi são muito altas”, disse. “O desafio agora é a gente operar bem nesse início. E, mais do que isso, é saber como a gente faz marketing, publicidade. Isso a gente (o estado) não sabe fazer”, completou Paes.
Os valores
Os restaurantes cadastrados na plataforma Valeu não pagam para a prefeitura nenhuma taxa para entregas de valores de até R$ 100. Os entregadores recebem um fixo de R$ 7 – a média de entrega nos outros apps é de R$ 5,5. “De acordo com as nossas pesquisas, 85% dos pedidos são de até R$ 100”, conta o secretário.
Para as corridas de pedidos que vão de R$ 100 a R$ 200, a prefeitura cobra 2% do valor. O entregador, neste caso, recebe os mesmos fixos de R$ 7 além de 2% do valor. E o restaurante tem economia de 20,5%, se comparado com os outros marketplaces.
Por fim, para os pedidos acima de R$ 200 a prefeitura cobra 5% do valor. O entregador mantém os ganhos de R$ 7 mais os 2% e o restaurante tem uma economia de 17,5%. “Precisamos de um valor para mantermos sempre as inovações ativas no app”, diz Cardoso.
“Hoje em dia, no iFood, um entregador ganha R$ 75 por dia. Fazendo 20 entregas diariamente e trabalhando 26 dias no mês, ele pode ganhar cerca de R$ 2 mil. Se ele fizer o mesmo número de entregas durante a mesma quantidade de dias pelo Valeu, esse entregador vai ganhar R$ 3,64 mil mensais”, calcula o secretário.
Administração
Em sua fala, o prefeito da cidade disse que pretende montar um conselho diretor para pensar em melhorias do serviço e gerenciar os valores ganhos pela prefeitura. Estariam neste conselho representantes da prefeitura, dos bares e restaurantes (o SindRio) e de entregadores.
Atraso
Segundo o secretário de Fazenda e Planejamento, o Valeu chegou com um pequeno atraso porque tiveram problema com a contratação de uma adquirente. “Fizemos duas licitações. Ambas desertas. Sabe por que? Porque as adquirentes querem que a gente pague uma outorga para estar dentro da plataforma”, explicou.
Os estabelecimentos interessados em se inscrever no Valeu podem seguir um passo a passo no do site do delivery.
