O legado e a falta de mão de obra qualificada e de conhecimento técnico são os principais desafios das empresas do setor de telecomunicações para fazer integrações via APIs. Tomas Fuchs, CEO da Datora/Arqia, exemplificou a dificuldade durante participação no painel no Fórum de Operadoras Inovadoras nesta quarta-feira, 6.
“Lançamos a nossa MVNE só com APIs e tivemos dificuldades no começo. Um exemplo foi com os ISPs, porque uma coisa é vender o FTTH, outra coisa é a necessidade de uso de uma certa API (no mobile) e desenvolvimento técnico”, disse o executivo.
Fuchs explicou ainda que teve projeto de implantação de operadora virtual que atrasou pela “falta de conhecimento técnico do setor móvel”.
Por sua vez, Davi Fraga, CMO da Surf Telecom, explicou que há dois tipos de clientes: aquele que não tem conhecimento técnico, e demoraria para começar uma operação móvel, portanto precisa receber toda infraestrutura pronta, do core de rede ao aplicativo do consumidor; e um segundo que quer fazer a coisa acontecer com APIs e integrações.
“Depende muito da velocidade do parceiro e da estrutura que possuem”, afirmou Fraga, antes de defender a necessidade de padronização para setores específicos da telecomunicação. “Embora estejamos falando de APIs, nós ainda temos grandes ISPs que usam até software comum. Estamos falando de um segmento de mercado que representa 50% dos assinantes (de banda larga) no Brasil. Para eles, faria sentido a padronização. Mas em outros segmentos, não vejo tanta vantagem”, completou.
Gabriel Lima, CPO da Nomo, explicou que sua MVNO adotou uma arquitetura de APIs e acredita que a padronização depende da camada de rede e que faz mais sentido para OSS e BSS, pois é mais flexível: “Em uma camada de serviço a padronização é ruim, pois limita a inovação”, disse.
“Acredito que a maioria dos clientes querem tudo pronto com app white label, pronto para lançar. Ainda assim, creio que o futuro do setor é em APIs. Empresas como Nubank, que disse em seu IPO sobre o desejo de investir em telecom, só vão integrar se for por API e se estiver boa. O problema é que, às vezes, na camada da MVNE está bem definida a API, mas na operadora que provê a rede, não”, concluiu.