Para a maioria das empresas na América Latina, os principais casos de uso do 5G serão a conectividade de dispositivos (88%) e a conectividade de suas filiais (80%). Em um estudo prévio que está sendo conduzido pela IDC Brasil com 191 empresas da América Latina sendo 51 do Brasil, a conectividade ficou à frente de outros casos de uso mais citados pelas operadoras no 5G, como treinamento com realidade virtual e aumentada (33%) e suporte em robótica de fábrica (29%).
Ao apresentar os dados da pesquisa feita com executivos de companhias acima de 100 funcionários, Luciano Saboia, gerente de pesquisas em telecomunicações na IDC Brasil, acredita que as informações – ainda que preliminares – mostram uma disparidade entre os casos de uso que a indústria de telecomunicações quer e aquilo que as empresas realmente desejam na quinta geração das redes móveis.
Corrobora com a visão de Saboia o fato de que as tecnologias mais conhecidas no 5G são preteridas pelos gestores de TI, ante outras tecnologias avançadas, mas que não necessariamente estão ligadas ao 5G: “A latência está sólida na cabeça das empresas, com nota 4,33 de familiaridade, em uma escala de 1 a 5. AR/VR tem 4,27, DSS 4,24, SASE/SD-WAN 4,22. As tecnologias puras do 5G ficaram na parte de baixo, ultra reliable low latency (4,08), network slicing (4,08), multi-access edge computing (3,98) e mmW (3,79)”, explicou.
“Quando falamos de network slicing, MEC, UBB e mmW, o aspecto tecnológico do 5G, percebemos que a familiaridade é mais baixa. Esse é um ponto que as operadoras precisam trabalhar na comunicação. As telcos precisam fazer o paralelo entre a sopa de letrinhas e aquilo que o consumidor B2B assimila”, afirmou Saboia. “Se não tiver um trabalho (de comunicação), o 5G será visto apenas como uma tecnologia de conectividade”, completou.
Para as operadoras, o lado positivo é que 41% dos representantes veem como principal provedor do 5G as operadoras de telefonia móvel. Porém, a notícia não é boa para o resto da cadeia de fornecedores que aparecem na sequência: integradores de sistemas (20%), provedores regionais (12%) e provedores de soluções de IoT (10%).
B2C
Saboia também apresentou dados de uma outra pesquisa de telecomunicações focada no consumidor final (B2C). Realizada entre abril e maio deste ano com 3 mil pessoas na América Latina, 723 delas do Brasil, o estudo revela que 95% dos usuários têm uma noção do que é o 5G, mas apenas 22% pretendem adotar planos baseados na quinta geração nos próximos 12 meses.
“Esse receio dos consumidores está relacionado aos devices. Temas como ‘eu não quero gastar com um aparelho novo’, ‘estou satisfeito’ ou ‘ainda estou pagando’, são os principais aspectos que observamos. E para ter acesso ao 5G, o usuário precisa mudar de plano e de aparelho”, completou o gerente da IDC.
Sobre os tipos de serviços que imaginam consumir no 5G aparecem:
- Novas formas de acessar à web (4,21 de nota, em uma escala de 1 a 5);
- Novas formas de streaming de vídeo (4,17);
- Novas formas de jogar (4);
- Novas formas de trabalhar (3,99);
- Compras online (3,94).
Assim como acontece no B2B, o executivo da IDC entende que há uma lacuna na percepção de casos de uso do 5G para os consumidores, com os usuários vendo a tecnologia mais empregada na conectividade, ante temas que são caros às operadoras como: estudar (3,92), aparelhos conectados em casa (3,86) e pagamentos digitais (3,85).