Na terceira matéria da série de Mobile Time sobre o metaverso, os especialistas apontam quais são as empresas que estão liderando essa iniciativa ao lado da Meta e quais setores estão mais avançados com aplicações nesta nova fronteira da tecnologia. Aplicações que vão além do avatar 3D em uma sala de reunião.
Cauê Dias, gerente de pesquisa, desenvolvimento e inovação da NTT Data, explicou que setores como mineração, operadoras, utilities e aeroespacial estão avançando em soluções para o metaverso, pois querem melhorar suas operações. Esses segmentos utilizam em especial o uso de gêmeos digitais (digital twins, no original em inglês) para estressar e testar seus insumos no mundo virtual antes de serem usados no físico. Outra área são as operadoras, que começam a buscar novos modelos de negócios que permitam ir além do negócio de conectividade.
Pela Accenture, Michael Biltz, diretor geral da companhia, deu exemplo de utilização de gêmeos digitais de insumos das fábricas da Mars nos Estados Unidos e da L’Oreal na França, de modo que as peças das máquinas foram digitalizadas e podem ser trabalhadas com manutenção preventiva no mundo virtual, antes do desgaste no mundo físico.
Rafael Nobre, analista da XP, explica que o “consumo discricionário está mais forte” no metaverso, mas afirma que maioria está fazendo por FOMO (patologia psicológica produzida pelo medo a ficar fora do mundo tecnológico). Deu como exemplo as empresas Nike e Adidas comprando terrenos virtuais da Decentraland (espaço virtual que desponta com um metaverso) mas apenas para “marcar território”. Pelo lado dos bancos de varejo, o executivo explica que este momento é mais de “pesquisa” para tentar visualizar alguma linha de negócios com criptomoedas e NFTs.
Apostas hoje
O metaverso também chama atenção entre os investidores.
A Catarina Capital, por exemplo, aposta em empresas fornecedoras de tecnologia para o desenvolvimento do metaverso, como Qualcomm, Octa, NVIDIA e Adobe (por meio de seu Newton Fund). Igualmente, a XP criou um fundo chamado Trend Metaverso FIA BDR Nível com empresas como Meta e Nike e é baseado no índice de Metaverso da Bloomberg. A XP também tem um COE Metaverso, assim como sua rival BTG.
Por sua vez, o JP Morgan informou que escreveu um paper com oportunidades ligadas ao metaverso e com foco nas oportunidades dos clientes da divisão de pagamentos (Onyx). E informou a esta publicação que criou um espaço no Decentraland para atender e tirar dúvidas de seus clientes.
Próximas etapas
Thiago Lobão, CEO e sócio da Catarina Capital, explica que, no começo, o metaverso tem como atrativo a “inovação às marcas” e, quando estiver em um estágio avançado, a mobilização financeira no metaverso “vai impactar menos a economia não digital e muito mais os líderes da economia digital”.
“Se a empresa é baseada em soluções digitais, ela precisa se mexer hoje. Se ela não está na cadeia digital, ela precisa entender como o metaverso pode colaborar para sua base de usuários e clientes. A principal ciência que o empresário deve ter é entender o quão digital são seus negócios”, completa.
De acordo com estudo do JP Morgan, o metaverso permitirá novos casos de uso no B2C e B2B, como: varejo transfronteiriço para consumidores; contratação de profissionais de países emergentes para atuarem em países mais desenvolvidos economicamente; oportunidades educacionais em escala global com realidade aumentada; e a construção de hubs de logística globais para atender milhões de pessoas.
