O Senado dos Estados Unidos deve votar nesta semana, o Ato de Chips, um projeto de lei que deseja destinar US$ 52 bilhões para o desenvolvimento da indústria de semicondutores no País. Com apoio bipartidário, o montante será dividido em US$ 39 bilhões com mecanismos de isenção fiscal para empresas construírem fábrica no país e US$ 11,2 bilhões para pesquisa e desenvolvimento no setor através de fundos nacionais.
Por meio de videoconferência, devido a recuperação de um quadro com covid-19, o presidente Joe Biden afirmou em conferência com jornalistas que a lei tem como pontos principais a garantia da economia dos EUA, a proteção à segurança nacional com redução da dependência de chips produzidos em China e Taiwan e o crescimento de negócios e empregos no país.
“Os semicondutores são os blocos de construção da economia moderna. Nós vimos durante a pandemia que a nossa economia sofreu um revés sem os chips. No ano passado, um terço da inflação na indústria automobilística foi devido à alta no preço dos carros, que subiu pela dificuldade de fabricar carros, que aconteceu pela falta de chips. Nós sacrificamos US$ 240 bilhões da nossa economia pela falta de chips”, disse o presidente norte-americano nesta tarde.
Defesa
A secretária de Defesa, Kathleen Hicks, afirmou que além de diminuir a dependência dos chips oriundos da Ásia, o projeto do Ato tem como objetivo garantir uma cadeia de suprimentos segura para as empresas norte-americanas, evitar futuros ataques cibernéticos aos EUA, além de minimizar o risco de falta de suprimentos no País, como aconteceu durante a Covid.
Por sua vez, Jim Taiclet, CEO da Lockheed Martin, uma das maiores fabricantes de aviação civil e militar do mundo, afirmou que os EUA precisam produzir chips de ponta que vão em dispositivos como suas aeronaves e armas, mas também para se preparar para tecnologias como 5G, inteligência artificial e cloud computing, que serão base para computação quântica, edge hyperscale.
Taiclet explicou que um único helicóptero de combate necessita de 2 mil chips de ponta. Atualmente, China e Taiwan produzem 90% desse tipo de semicondutor, enquanto os EUA não produzem nenhum. A secretária Hicks lembrou ainda que 95% dos chips que o Departamento de Defesa precisa hoje vêm da Ásia.
Comércio
“Nós criamos esse mercado de semicondutores. Não à toa existe o Vale do Silício. Antigamente, nós fazíamos 40% dos chips do mundo, hoje são 12%. Nenhum deles é de ponta. Os chips são a pedra fundamental da nossa sociedade, eles são usados em smartphones, carros, aeronaves e dispositivos médicos. Nos últimos anos, nós não investimos nada nesta indústria. Enquanto vimos a China aportar US$ 150 para construir sua própria capacidade doméstica,” completou a secretária de comércio dos EUA, Gina Raimondo.
Raimondo afirmou ainda que a aprovação do Ato é importante para ajudar as empresas que fabricam chips a escolher os EUA como local de fabricação e expansão de suas operações fabris.
Na coletiva da Casa Branca para imprensa, Chris Shelton, presidente do sindicato CWA, lembrou que muitos CEOs têm encontrado dificuldades para conseguir semicondutores, como acontece na indústria automobilística e de saúde, e que isso tem reduzido a criação de empregos nos Estados Unidos. Para isso, ele acredita que o Ato de Chips ajudará a trazer mais postos de trabalho.
Vale dizer, o Senado aprovou a entrada do Ato na pauta de votação na última terça-feira, 19. A liberação do tema teve 64 votos a favor e 34 contra. Se aprovado, o texto do senador John Cornyn (Republicano – Texas) seguirá para sanção presidencial.