O CEO da Vivo, Christian Gebara, afirmou que os resultados da entrada dos ativos da Oi “guiaram ao crescimento de duplo dígito” na receita móvel da companhia: “O maior da história nos últimos dez anos”. O resultado com mobile foi R$ 8 bilhões de faturamento no segundo trimestre de 2022, um aumento de 16% contra R$ 7 bilhões de um ano antes.

Em conversa com analistas financeiros nesta quarta-feira, 27, o CEO comentou que, com a adição da Oi, a receita de serviços móveis aumentou 15% em comparação com o mesmo período do ano passado. Excluindo a Oi, esse crescimento teria sido de 9%.

sem a Oi, apenas a receita de serviços móveis cairia de 15% para 9%. Lembrando que serviços é o núcleo duro da receita de móvel.

A operadora recebeu 12,6 milhões de clientes da Oi, além de 1,4 milhão de consumidores no pós-pago (sem contar a entrada da Oi). Ao todo, a companhia teve um incremento de 22% em adições, de 81 milhões para 99 milhões de clientes. Gebara atribui esse crescimento não apenas à entrada da Oi e à migração de clientes que estão insatisfeitos com as outras duas rivais, mas à estratégia de agregar a oferta de serviços à conectividade que a empresa oferece aos seus usuários.

“A participação de portabilidade no segundo trimestre do ano passado era de 16%. Neste ano foi 31%, ou 1,4 milhão contando todas as operadoras. Isso significa que, sim, pode ser (a migração) de ex-clientes da Oi, mas também temos um movimento comercial forte com valor superior para a nossa base de consumidores. O nosso churn (1,1%) é o mais baixo da história”, afirmou.

Novo mobile?

O CEO disse ainda que, no aspecto geral, ele não acredita que o mercado de telefonia móvel está em mudança para um momento de mais racionalização. Novamente, ele afirmou que o desempenho do móvel está ligado à estratégia da empresa: “Nós nos preparamos para atender as demandas dos usuários, investindo em 4G, 4,5G e 5G. Estamos oferecendo convergência com o Vivo Total (combo fibra e móvel) e adicionamos a nossa proposta de valor os serviços digitais ao cliente com sucesso. Eu acho que todos os players buscam retornos. Estamos vendo esse movimento ocorrendo há vários trimestres. E tem a inflação crescendo”, completou.

Também explicou que a recente redução do ICMS de telecomunicações pode colaborar para que os usuários sintam menos o impacto da inflação brasileira, que beira 12%, e com isso manter seus planos de dados. Neste cenário, o CEO explica que a companhia está trabalhando junto aos estados para diminuir os impostos “o mais rápido possível”, sendo que quatro estados já aceitaram e dois ainda estão em negociação.

“Com relação ao ICMS, estamos repassando aos poucos a redução. Estamos focados em cumprir as determinações do governo”, disse. “Temos diferentes taxas em diferentes estados. É um ambiente complexo, mas estamos indo o mais rápido possível. Com isso, os clientes vão poder comprar mais serviços. Os preços devem reduzir. Os clientes que estavam ficando sem acesso à franquia de dados agora poderão ter acesso a mais dados. E a inflação que repassamos aos consumidores talvez seja mitigada com a redução de impostos”, concluiu.

Desafios da Oi

Por outro lado, a companhia não informou o ARPU do trimestre. De acordo com Gebara, a entrada da Oi trouxe impacto negativo na receita média por usuário, principalmente no pós-pago. Além disso, o CEO relatou que a migração de clientes do pré-pago da Vivo para o pós-pago também afeta o mix: “Mas de maneira geral, se excluirmos a migração da Oi, o movimento teria sido positivo, tanto no pré-pago como no pós-pago”, explicou.

Gebara também expressou que a companhia foi um pouco mais conservadora sobre as possibilidades de sinergia e aumento de receita com a entrada dos clientes da Oi Móvel e mesmo sobre a manutenção desses clientes, por considerar que é “cedo para dizer se haverá impacto na sinergia das receitas”. Em complemento, David Melcon, CFO da Vivo, afirmou que “as sinergias e as margens com a Oi vão melhorar trimestre a trimestre” com algumas ações.

“Nos primeiros 12 meses da chegada dos clientes da Oi, nós vamos pagar R$ 150 milhões para a Oi fazer a migração dos consumidores. Depois que tivemos 100% desses clientes internamente, os gastos serão menores. Além disso, teremos uma série de investimentos em Capex apenas neste ano”, disse o executivo financeiro. “Vamos acelerar a migração nos próximos trimestres. Ainda estamos analisando as atividades dos clientes, mas acredito que não veremos impacto na receita, pois a maioria é de pré-pagos e estão migrando organicamente. Também tem oportunidades de upsell e cross sell. Mas isso veremos impactar nos próximos 12 meses”, completou.

Não é o remédio, é a fórmula

Outro desafio para a Vivo está nos remédios que os reguladores impuseram, como a ORPA que define os valores do roaming nacional. Para Gebara, o problema não é o remédio, mas a fórmula aplicada: “Concordamos com Anatel e CADE que precisamos apresentar planos para o roaming, que é com base no PGMC. O que estamos discutindo é como vamos calcular”, disse.

“A questão é o modelo usado para definir a tarifa. É nesse momento que estamos, mas queremos chegar em um acordo. Usamos normas e regulações de hoje, assim como as outras operadoras. Parece que teve uma nova proposta baseada em um diferente cálculo que não está na regulação”, completou.

Outra questão são os sites herdados da Oi Móvel. Melcon explicou que estão em um momento de renegociação com as empresas de torres para entender o descomissionamento de mais da metade dos sites herdados da Oi móvel.

 

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