Tecnologia e adaptação às mudanças de consumo relacionadas às gerações Z e Alpha. Esses dois pontos precisam andar unidos para a evolução do setor de alimentação. Foi o que ficou claro no NRA Show 2022, o maior evento voltado a restaurantes do Mundo Ocidental, que
reuniu 44 mil pessoas em Chicago (EUA), em maio, para debater sobre o futuro do negócio. Cerca de 1700 expositores mostraram como o investimento em ferramentas tech pode ampliar a produtividade desse importante setor da economia. Por outro lado, ficou claro como importantes desafios se avizinham, como a inflação e ajustes para atingir os consumidores com menos de 24 anos de idade.
A tecnologia promove grandes oportunidades para que os estabelecimentos atinjam um público que tem a economia como um de seus principais focos, oferecendo alternativas para eliminar o desperdício e potencializar os ativos existentes. Alguns exemplos são uma cozinha
que faz hambúrguer à noite vender marmitas para o horário do almoço; melhorar a utilização dos dados em todas as áreas da empresa, em especial às ligadas diretamente ao consumo; ampliar o canal próprio do restaurante para o delivery, diminuindo custo e ampliando a
experiência; programas de “assinaturas” de alimento e de fidelidade para antecipar a decisão do consumidor; a automação dos processos produtivos.
São alternativas importantes a serem consideradas em um cenário no qual temos uma inflação de 8,3% nos últimos 12 meses. No NRA Show 2022, foi apresentado o resultado de uma pesquisa na qual, das 27 mil pessoas entrevistadas nos EUA, 49% indicaram que pretendem reduzir os gastos com alimentação fora do lar. Os dados evidenciam que resta aos restaurantes melhorar a sua produtividade, evitando ao máximo reajustar os cardápios, e existem soluções para isso.
Em relação à mudança no comportamento de consumo, a tecnologia também precisa ser considerada. Está claro que lidamos com uma geração mais preocupada com o final do mundo do que com o encerramento do mês e que, atualmente, pela faixa etária, já define onde a maioria das famílias comerão. Estes perfis não gostam de comprar em sites tradicionais, tidos como “chatos”, e consideram impensável telefonar para pedir comida. São capazes de defender o cancelamento de uma marca em algumas horas se concluírem que ela se envolveu
em algo preconceituoso ou nocivo para a sociedade ou o planeta. São escolhas que tendem a proteger também os animais e o meio ambiente, e isso deve ser considerado nas estratégias de mercado.
Merecem o mais profundo respeito as empresas que conquistaram relevância nessa importante área da economia no Brasil, que encaram um desafio ainda maior do que os norte-americanos. Na história de cada uma dessas organizações, há um evidente rastro de superação e muita inteligência. Acredito no sistema descentralizado proposto por modelos como o de franquias, que proporcionam o espaço para parte da organização pensar no longo prazo, enquanto parte consegue o sorriso do cliente hoje. Nunca foi tão importante estar em rede e ser colaborativo até entre concorrentes, para superação de mais esses importantes desafios. E, como já é regra no mercado há anos, nunca deixando de investir em tecnologia.