Está em fase final de elaboração para lançamento nas próximas semanas uma RFP para a contratação de torres para a construção em Brasília de uma rede privativa móvel do governo federal, uma das obrigações presentes no edital do 5G. A RFP está sendo redigida pela EAF (Siga Antenado), designada responsável pela execução do projeto da rede privativa, junto com a Amdocs, contratada para auxiliá-la nessa tarefa.
“Esperamos poder utilizar as empresas de torres que já estão no Distrito Federal. Isso reduzirá bastante o custo do projeto, mas não quer dizer que não terá segurança. Esse projeto tem viés de segurança grande, tanto em acesso quanto em cibersegurança. Certos elementos da rede vão precisar de acesso exclusivo e dedicado”, explica o presidente da EAF, Leandro Guerra, em conversa com Mobile Time. “Vamos preparar a RFP para o final do mês para contratação de espaço das torres”, completa.
Ainda não foi definida a quantidade de torres que serão necessárias para a montagem da rede. A compra dos equipamentos de rádio será objeto de outra RFP ainda sem prazo para divulgação. Não está descartado o compartilhamento desses equipamentos dentro do conceito de RAN Sharing, o que ainda vai ser analisado levando em conta especialmente aspectos de segurança. “Vamos propor cenários com e sem RAN sharing”, diz Guerra. O core de rede, por sua vez, não será compartilhado.
Paralelamente, EAF e Amdocs estão concluindo também a elaboração de outra RFP, esta para a contratação de uma ferramenta de software para a implementação da rede privativa. Sua divulgação deve acontecer ainda neste mês ou no começo de dezembro.
Para dar transparência ao processo, todas as RFPs lançadas pela EAF serão disponibilizadas neste endereço: https://sigaantenado.com.br/fornecedores/
Tamanho e prazo para a rede
O governo federal terá um bloco de 5 MHz + 5 MHz na faixa de 700 MHz para a sua rede privativa móvel, que deve ser montada em 4G, pois essa quantidade de espectro é pequena para o 5G. Não está definido ainda quem cuidará da operação da rede, decisão que caberá ao novo governo. A data limite para a entrada em operação é quatro anos após a constituição da EAF, o que significa fevereiro de 2026. Mas a expectativa é de que a entrega aconteça antes.
A rede privativa móvel deverá atender a 150 mil acessos e ter uma performance capaz de suportar aplicações de missão crítica para órgãos de segurança de Estado. As especificações técnicas para o cumprimento desse papel (latência, resiliência, velocidade etc) ainda não foram definidas. A distribuição dos SIMcards entre órgãos públicos e o desenvolvimento das aplicações que rodarão na rede serão uma decisão estratégica que caberá ao novo governo, diz o presidente da EAF.
Vale lembrar que as diretrizes para a construção da rede privativa são providas pelo Gaispi (Grupo de Acompanhamento da Implantação das Soluções para os Problemas de Interferência na faixa de 3.625 a 3.700 MHz), órgão que conta com a participação de representantes da Anatel e do Ministério das Comunicações. A EAF é a executora do projeto.
MPN Fórum
O projeto da rede privativa móvel do governo federal será tema de palestra do diretor de operações da EAF, Antônio Parrini, na 2ª edição do MPN Forum, evento organizado por Mobile Time sobre o mercado brasileiro de redes privativas móveis, que acontecerá dia 29 de novembro, no WTC, em São Paulo. O seminário contará também com a apresentação de cases da Rede Globo, do governo da Bahia e da PUC-Rio, além de uma palestra sobre o uso de small cells em redes privativas e um painel de debate sobre as oportunidades e desafios desse mercado, com participações de executivos de Claro/Embratel, CPQD, Qualcomm e Omdia. A programação completa e mais informações estão disponíveis em www.mpnforum.com.br