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Ilustração: Cecília Marins/Mobile Time

A Foxconn ofereceu 10 mil yuans (US$ 1,4 mil) a trabalhadores recém-contratados na maior fábrica de iPhones do mundo, em Zhengzhou, na China, para que se demitam, na tentativa de dissuadir os protestos que ocorrem no local desde terça-feira, 20, segundo a CNN. A proposta foi feita depois de as manifestações escalarem para violência entre os protestantes e as forças de segurança chinesas.

A oferta foi feita por meio de mensagens de texto enviadas na última quarta-feira, 23, pelo departamento de recursos humanos da companhia aos trabalhadores, que escreveu: “por favor, retornem aos seus dormitórios”, referindo-se às residências no campus da fabricante. Há a promessa de um pagamento de 8 mil yuans (US$ 1,12 mil) caso concordem em se demitir e outros 2 mil yuans (US$ 280) depois de embarcarem de volta para casa.

As manifestações começaram depois que trabalhadores recém-contratados foram notificados sobre os termos dos seus pagamentos, diferentes do que havia sido prometido durante a contratação. Eles também protestavam devido às condições de trabalho na fábrica, em meio ao surto de Covid-19 pelo qual a China passa. 

Vídeos que circulam nas redes sociais mostram forças de segurança da China com roupas de isolamento biológico batendo em manifestantes. Os trabalhadores foram vistos derrubando grades, jogando garrafas nos policiais, quebrando e virando carros da polícia, que respondeu com gás lacrimogêneo.

Segundo relato de uma testemunha, o protesto foi contido por volta das 22h, depois que os trabalhadores haviam recebido a mensagem, por conta de temores de que as forças de segurança usassem mais violência. Alguns já aceitaram o acordo e começaram a voltar para casa, mas enfrentam dificuldades devido ao lockdown imposto em Zhengzhou pelo governo.

Motivos

Em outubro, a fábrica foi atingida por um surto de Covid-19, que levou trabalhadores, em massa, a irem embora. Para substituir a força de trabalho, a Foxconn contratou 100 mil trabalhadores, segundo informou a mídia estatal chinesa. A fábrica normalmente comporta um total 200 mil trabalhadores, que montam cerca de 50% a 60%  de todos os iPhones da Foxconn, segundo Mirko Woitzik, diretor global de soluções de inteligência da Everstream.

Aos recém-contratados foram prometidos pagamento de bônus de 3 mil yuans (US$ 420), após 30 dias de trabalho, e outros 3 mil yuans, depois de mais 30 dias, de acordo com documento visto pela CNN. Quando iniciaram o trabalho, foram avisados de que o primeiro bônus só chegaria em 15 de março e, o segundo, em maio de 2023, um prazo maior do que o esperado.

Em comunicado enviado na quinta-feira, 24, a Foxconn afirmou que entendia a preocupação dos trabalhadores sobre “possíveis mudanças na sua política de subsídios”. Segundo a companhia, foi culpa de “um erro técnico ocorrido durante o processo de integração”. “Pedimos desculpas por um erro de entrada no sistema de computador e garantimos que o pagamento real é o mesmo que o acordado”, escreveu.

 

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