A Meta informou nesta quarta-feira, 25, que está reativando as contas do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Em nota à imprensa assinada pelo presidente de assuntos globais, Nick Clegg, afirmou que as contas de Trump no Facebook e no Instagram voltarão ao normal nas próximas semanas e que a Meta adicionou proteções para que as “ofensas não ocorram novamente”.
De fato, o que ocorreu não foram ofensas por parte do ex-presidente norte-americano. Trump recebeu um bloqueio de dois anos da Meta depois de incitar uma massa de manobra golpista a invadir o Congresso. O evento conhecido como Invasão ao Capitólio aconteceu no dia 6 de janeiro de 2021 e tinha como objetivo mudar o resultado das eleições presidenciais de 2020, quando Trump perdeu nas urnas para o atual presidente dos EUA, Joe Biden. O ataque resultou na morte de cinco policiais e centenas de feridos, além de mais mortes de policiais por suicídio nos meses seguintes. Na época, a Meta e outras redes sociais temiam mais ações violentas instigadas por Trump.
Além de liberar as contas para que as ofensas não ocorram novamente, o executivo da Meta (que foi vice-primeiro-ministro no governo do conservador David Cameron, no Reino Unido), disse que os políticos devem ser “ouvidos” pelo seu público. Neste caso, Clegg lembrou que Trump já anunciou sua pré-candidatura à Casa Branca novamente: “Nós antecipamos que caso o Sr. Trump escolha voltar à atividade em nossas plataformas, muitas pessoas vão pedir uma ação contra suas contas e conteúdos publicados, enquanto outros ficarão ofendidos se ele for suspenso novamente, ou, se algum conteúdo dele não for distribuído na plataforma. Queremos deixar o mais claro possível sobre as nossas regras para caso esses problemas ocorram, as pessoas que vão discordar de nós, elas vão entender a racionalidade de nossas respostas”, escreveu Clegg.
O retorno de Trump às plataformas da Meta acontece pouco depois de a Comissão do Congresso pedir ao Departamento de Justiça dos EUA para processar Trump pelo episódio de 6 de janeiro de 2021. No relatório de 850 páginas, os congressistas pedem que o ex-presidente responda por quatro crimes:
- Obstrução de Justiça;
- Conspiração para fraudar o país;
- Conspiração em falso testemunho;
- Conspiração para fraudar os EUA ao ajudar e confortar os envolvidos nos ataques dos dia 6 de janeiro.
Vale dizer, a companhia liberou as contas do ex-presidente em sua plataforma pouco mais de duas semanas após um episódio similar ao 6 de janeiro de 2020 ocorrer em Brasília. No dia 8 de janeiro, uma outra massa de manobra golpista invadiu e destruiu as sedes dos Três Poderes, além de deixar dezenas de policiais feridos e prejuízos incalculáveis ao patrimônio histórico brasileiro. Nos dois episódios, as plataformas da Meta foram usadas para proliferar discursos e veicular os locais de ataque em vídeos e postagens.
“Nós sabemos que qualquer decisão que tomarmos será amplamente criticada. Razoavelmente, as pessoas vão discordar se esta é a decisão correta. Mas uma decisão tinha que ser feita, portanto, nós tentamos fazer o melhor possível e de uma maneira consistente com nossas regras e valores estabelecidas em resposta à orientação do nosso Conselho de Supervisão”, completou Clegg.
Além da Meta, o Twitter autorizou a volta de Trump em sua rede social em novembro de 2022. Seu controlador e investidor, Elon Musk, é alinhado politicamente com Trump.