Bipp

Marcos Linhares: de doutorando a empreendedor, dono da fintech Bipp. Foto: divulgação

A fintech Bipp (webapp) não nasceu a partir de uma “dor” encontrada no mercado, mas sim de uma tese de doutorado. O aluno, o piauiense, Marcus Linhares, identificou uma questão, o que é chamado de “problema acadêmico”, na cadeia de logística da indústria de alimentos e optou por desenvolver não apenas uma tese sobre o tema, mas uma solução concreta. O produto desenvolvido no doutorado feito na Universidade Federal da Bahia, era capaz de identificar quando o alimento iria perecer a partir de medição de luz, umidade, calor, entre tantos outras métricas. Ao final dos estudos, Linhares tinha cinco registros de softwares, cinco patentes e artigos em revistas de alto impacto.

No entanto, ao visitar as indústrias para a apresentação do produto, detectou que a sua solução era pertinente, mas não para o momento atual da indústria. Havia uma outra questão mais urgente para ser resolvida: a venda do produtor agrícola para a indústria.

“Demos um grande passo para trás para entender como se comercializa no agro, como é a venda, o recebimento do pagamento, como anunciava e fazia a comercialização”, explica Linhares em conversa com Mobile Time.

A pivotagem aconteceu em plena pandemia e assim nasceu a fintech de negociação do agro Bipp. Mas não parou por aí.

Não demorou muito para Linhares receber pedidos para que barbearias, boleiras e vendedores dos mais diversos produtos pudessem usar sua solução. Ou seja, outros mercados também precisavam de um produto digital que lhes atendessem. E foi assim que começou uma segunda pivotagem, mas dessa vez menos radical.

Atualmente, a Bipp é uma plataforma digital de pagamentos e marketplace. Oferece recorrência no cartão de crédito, aplicativo, além de meios de pagamentos digitais para PME.

“O mercado de micro e pequenas empresas está fora do radar dos bancos e das fintechs maiores. São pessoas que começam a passar por uma transição de maturidade digital. Estão nos graus dois ou três e não chegaram no nível quatro. São pequenos empreendedores que já possuem redes sociais, transacionam por app do banco, estão vinculados a apps de delivery. Já ultrapassaram a primeira barreira tecnológica. E eles passam a confiar no nosso produto”, resume.

A Bipp conta, no momento, com 181 clientes divididos em 21 estados. Os microempreendedores podem enviar links de pagamento, mas a fintech também oferece boletos, seja simples ou em volume. E um painel de controle permite o gerenciamento dos pagamentos recebidos.

Em 2021, quando a fintech nasceu, foram transacionadas R$ 10 milhões. E, no ano passado, R$ 18 milhões. A expectativa é chegar a 500 clientes em 2023 e atingir R$ 47 milhões em volume de transações. “É uma métrica ambiciosa, porém esperamos atingir nossos objetivos de forma orgânica. Posso dizer que já estamos no nosso breakeven, conseguimos pagar as nossas contas. Mas nós sócios, somos três, não tiramos pró-labore ainda”, explica.

Como modelo de negócio, a Bipp preferiu cobrar uma taxa por transação feita, que pode variar de 0,6% a 1,2%, ou seja, clientes que vendem pouco pagam uma comissão maior e clientes que vendem mais têm uma comissão menor.

Vale dizer também que, ao longo do doutorado, Linhares recebeu alguns aportes não reembolsáveis de instituições como Finep, Sebrae e bancos, totalizando R$ 800 mil.

No momento, a Bipp é um webapp, porém, o aplicativo entra em fase de testes em fevereiro e deve ser lançado a partir de março.

 

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