São vários os desafios para que o Brasil avance com o uso de Internet das Coisas na medicina. Entre os principais, estão: mão de obra qualificada; interoperabilidade dos dispositivos e equipamentos; custos; e segurança dos dados.
“A tecnologia está pronta. É só usar. Mas precisamos levar em consideração o cenário brasileiro. Israel usa IoT na medicina há anos, mas é um país do tamanho do estado do Piaui. O Brasil tem outras dimensões”, explicou Franco Angello Mota, CSO da MV, durante webinar “Tendências para a saúde e tecnologia em 2023”, promovido pela própria MV nesta quinta-feira, 16.
O executivo lembrou de uma viagem que fez a Israel e viu o uso de tecnologias em teleconsultas que permitiam ao médico fazer um pré-diagnóstico para dor de garganta e de ouvido. No caso, o paciente usava a câmera do seu celular para bater uma foto da área com dor e enviava para o médico. Um dispositivo, com inteligência artificial, fazia a comparação da imagem com outras de uma base de dados e dava o pré-diagnóstico. Mota comentou em sua fala no webinar que isso está disponível em Israel há pelo menos quatro anos.
Apesar de andar a uma velocidade mais lenta que em outros países, o Brasil já possui algumas soluções em IoT para medicina – ou, como a área chama, IomT. Um deles é um aparelho acoplado à cama hospitalar. O dispositivo fica conectado fisicamente à cama e faz leitura de frequência cardíaca e respiratória do paciente, que usa um relógio inteligente. É possível ainda saber o nível de estresse, se a pessoa está sentada na cama, se existe um risco de queda, sempre através da leitura dos movimentos desse paciente. Caso a pessoa esteja tendo uma convulsão ou um ataque cardíaco, por exemplo, o dispositivo emite um alerta para a enfermaria. “Neste caso, o software foi construído aqui, por nós”, diz Mota.
“A escalabilidade desses produtos faz com que dispositivos como esse da MV acoplados em camas hospitalares fiquem mais baratos”, avalia Paulo José Spaccaquerche, presidente da Abinc (Associação Brasileira de Internet das Coisas), que também participou da conversa. “Cada vez mais a saúde vai se apoiar em inteligência artificial. Não em ChatGPT, mas em machine learning”, completa.