|Atualização em 17 de fevereiro de 2023, às 12h10, com correção de informação sobre fabricação local| A Vela, bicicleta inteligente assistida desenvolvida por brasileiros, já vendeu cerca de 5 mil unidades em sete anos de atividade, informa Victor Cruz, fundador e CEO da empresa, em conversa com Mobile Time.
“Hoje, 40% da nossa bike vem do Brasil e 60% depende de componentes importados. As partes que têm maior custo, como motor, bateria e componentes eletrônicos, são importadas. Mas seguimos o processo de nacionalizar. No começo era 90% importado”, relata o executivo. A Vela atualmente é montada em uma fábrica em São Paulo.
Assistência e conectividade
A Vela é uma bicicleta assistida, o que significa que ela conta com um motor que ajuda o ciclista a pedalar, mas não tem um acelerador. Sua velocidade está limitada a 25 Km/h, conforme determina a legislação brasileira para bicicletas elétricas. Sua bateria, em formato cilíndrico, é feita de lítio e fica escondida dentro do quadro da bicicleta, abaixo do banco. A autonomia varia de 20 Km a 50 Km, dependendo da forma como a pessoa pedala e o modo de assistência utilizado – há dois modos: baixa ou alta assistência.
A versão atual, chamada Vela 2, inclui um app (Android, iOS), no qual o usuário liga e desliga o motor, ajusta o modo de assistência (baixa ou alta) e acompanha o velocímetro. O app também indica a localização da bicicleta e permite bloqueá-la remotamente. A bike conta com GPS, Bluetooth e conectividade 3G, usando um chip da Things Mobile, uma operadora global de IoT. Para ter acesso à conectividade 3G, o usuário precisa assinar o plano Vela+, por R$ 79/mês, que inclui também seguro contra roubo e furto e outros benefícios – em breve ela virá com um smart tag para maior precisão na localização.
“É uma smart bike, uma categoria dentro daquela de bicicletas elétricas. A conectividade permite a evolução e o aprendizado contínuo da bike. Recebemos feedback dos clientes e a cada dois meses soltamos uma atualização que muda não somente a interface visual do app mas a forma como a bike se comporta. Podemos incluir um novo modo de condução ou de economia de energia, alterar a rampa de aceleração de um dos modos de condução, ou como os faróis acendem. Ou seja, a bike vai evoluindo a cada atualização que fazemos”, descreve. Até o limite de velocidade do motor pode ser alterado por software. Se a legislação brasileira permitir no futuro velocidades maiores para bicicletas elétricas, basta atualizar remotamente o software que controla a Vela.
O painel conta ainda com entrada USB para carregar o celular e um ponto de entrada para carregar a bateria na tomada, evitando a necessidade de retirada do cilindro dentro do quadro. Há ainda uma placa-mãe que controla todas as funções da bike e lê os sensores de velocidade, freio, farol e cadência do pedal. Um processador interpreta os dados e orienta a controladora do motor, que acelera ou freia.
Design
Todos os componentes eletrônicos são embutidos dentro do corpo da bicicleta, o que a deixa mais com cara de bicicleta tradicional do que de bicicleta elétrica. O design lembra o das bicicletas europeias. O projeto prioriza o uso de peças que são padrão em todas as bikes, de maneira que a Vela possa ser consertada em qualquer oficina de bicicletas. “Optamos por usar as mesmas peças e encaixes de bicicletas tradicionais. Mudamos o mínimo possível. Pegamos o desenho base de uma bicicleta e incluímos essa funcionalidade adicional (assistência com motor elétrico)”, descreve.
A Vela 2 pode ser comprada diretamente no site da marca, com preços a partir de R$ 10.890, ou através de revendedores autorizados em grandes cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro.
Pandemia e EUA
Durante a pandemia, as vendas da Vela caíram. Mas no ano passado houve uma forte recuperação, com crescimento de 65%. Paralelamente, a marca abriu operação nos EUA com sócios norte-americanos. Trata-se de uma operação separada, da qual a Vela Brasil é acionista. O desenvolvimento, o marketing, a cadeia de produção e o acesso a fornecedores são compartilhados entre as operações brasileira e norte-americana. Mas as equipes são diferentes, assim como os estoques e as finanças. Cruz aposta que a partir dos EUA há mais chance de a marca ser levada para outros países.