Médicos do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, realizaram um estudo para avaliar a efetividade do aplicativo Binah para a medição da saturação de oxigênio através da câmera do smartphone. A análise mostrou uma diferença pequena entre o método tradicional, com equipamento médico específico, e o app. Em 85% das medições, houve apenas dois pontos percentuais de diferença nos valores. Segundo os autores, apps como esse podem ser úteis em avaliações clínicas via telemedicina, otimizando o encaminhamento médico.

A pesquisa foi realizada com 182 pacientes internados no hospital por sintomas respiratórios. Seu objetivo foi compreender o impacto da tecnologia no atendimento remoto e como novas ferramentas podem ajudar no atendimento emergencial. A saturação de oxigênio foi medida usando o método tradicional, com o dispositivo de dedo Welch Allyn, assim como pelo app.

O Binah extrai sinais vitais por meio de um vídeo do rosto, como uma selfie. O fluxo de vídeo, que registra a superfície da pele, é analisado com tecnologias de inteligência artificial, algoritmos de aprendizado profundo e outros recursos. Nenhuma característica identificável, como olhos, é necessária.

Em aproximadamente um minuto, os usuários podem medir pressão arterial, frequência cardíaca, variabilidade da frequência cardíaca, saturação de oxigênio, frequência respiratória, estresse simpático, atividade parassimpática e quociente pulso-respiração. É possível fazer até mesmo alguns exames de sangue por meio do app, que pode ser utilizado com smartphone, tablet, pela web ou por software para computador.

Binah

Por meio de vídeo do rosto da pessoa, Binah também consegue medir outros sinais, como pressão arterial, frequência cardíaca e frequência respiratória (crédito: divulgação)

Conclusão

A conclusão do estudo foi de que as medições do app alcançaram uma capacidade média de detectar pacientes com níveis de saturação de oxigênio alterados, quando comparado com o método convencional, gerando impacto moderado na avaliação clínica remota. Os resultados mostram que o app não é adequado para utilização rotineira no hospital, mas há uma correlação e um potencial a ser explorado.

Apps para medições de sinais vitais podem ser usados para apoiar a avaliação clínica de pessoas com sintomas respiratórios feita por meio de telemedicina, otimizando o encaminhamento ao departamento de emergência dos hospitais, segundo Fernanda Paladino, consultora de inovação do Einstein e autora do estudo. No entanto, para ela, esses apps não devem ser usados fora de um contexto clínico.

Para Carlos Pedrotti, gerente do Centro de Telemedicina do Einstein, a câmera dos dispositivos móveis evoluiu muito nos últimos anos, apresentando capacidades como precisão, objetividade e reprodutibilidade na análise do espectro de cores. Por isso, em médio prazo, novos métodos diagnósticos devem ser desenvolvidos com base nessas características.

 

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