| Publicada originalmente no Teletime | A Anatel está preparando, ainda para o primeiro semestre deste ano, um teste real de serviços de comunicação entre satélites e dispositivos móveis para comunicação direta via satélite. Dentro do conceito de “sandbox” regulatório, a Anatel quer entender como o serviço funcionaria, quais os desafios de coordenação de espectro, mitigação de interferências, alocação de recursos e, obviamente, quais as funcionalidades que poderiam ser desenvolvidas para uma operação real.
Durante a Satellite 2023, que acontece esta semana em Washington e que é um dos principais encontros de satélites do mundo, o tema da comunicação direta entre satélites e dispositivos (sem a necessidade de uma estação terrestre tipo V-Sat ou de uma rede 5G conectada a um backhaul satelital, tem sido bastante comentada (ver matérias nesta edição) e discutida, com muitos desafios sendo apontados, mas como a principal novidade tecnológica do encontro. O tema, que era relativamente restrito a alguns grupos técnicos, ganhou corpo a partir do momento em que a Apple lançou serviços de emergência com a Globalstar e que a Qualcomm anunciou a inclusão de capacidades de comunicação via satélite nos chipsets Snapdragon para 5G.
Os técnicos da Anatel têm conversado com empresas que se posicionam com soluções diretas de comunicação direta via satélite, como Lynk ou AST, mas também com players do mercado de satélites em constelações LEO (órbita baixa) para convidá-los para os testes e expor as possibilidades dos serviços.
Segundo o superintendente de recursos à prestação da Anatel, Vinicius Caram, que participou do evento em Washington, a proposta da agência visa entender o ambiente que está sendo desenvolvido para a prestação direta via satélite, para ter uma ideia melhor dos limites colocados ao regulador e aos esforços de coordenação entre os diferentes atores.
A agência brasileira ainda não tem modelos definidos sobre quais as melhores abordagens regulatórias para esse tipo de aplicação, mas a exemplo do que tem acontecido com a autorização para as constelações de órbita baixa, a tendência da Anatel é aprovar a prestação do serviço de comunicação direta via satélite sempre considerando períodos de avaliação de resultados.
Um dos grandes desafios que já se apresentam em escala global é o de alocação de espectro e coordenação com os diferentes serviços. No caso do Brasil, a Anatel está particularmente inclinada a liberar espectros em caráter secundário (sem garantias contra interferências) para serviços inovadores. Mas a agência tem a percepção de que esse não será um problema, considerando que em grande parte do território nacional existe espectro ocioso que pode ser usado em comunicações diretas via satélite.
Fórum das Operadoras Inovadoras
O tema de comunicação direta entre satélites e terminais móveis é um dos temas do Fórum de Operadoras Inovadoras (FOI), que acontece nos próximos dias 22 e 23 de março, no WTC, em São Paulo, e tem organização das publicações Teletime e Mobile Time. No evento, Carlos Alberto Camardella, consultor de tecnologia da Claro, fala sobre o tema e sobre a integração das redes de satélite com as redes 5G. O evento terá ainda a participação de Vinícius Caram, da Anatel, falando sobre espectro para uso não licenciado no Brasil. Mais informações sobre a programação do evento e sobre inscrições pelo site www.operadorasinovadoras.com.br.