A Realizee é uma plataforma móvel (Android, iOS) que veio para inovar o mercado de beleza, no Brasil. Por meio dela, é possível contratar serviços de estética realizados por médicos a um preço abaixo da média do mercado, seja como um benefício corporativo, seu maior negócio, ou como um serviço contratado de forma avulsa. A empresa prega uma democratização desses procedimentos, comumente relegados a classes mais altas.
“O nosso objetivo é ajudar as pessoas a promoverem a autoestima e a felicidade através da aparência, com um serviço democrático, de forma simples e segura”, conta Eustáquio Morais, idealizador da startup, ao Mobile Time. “Somos um marketplace que conecta pacientes, empresas e médicos”, resume o especialista em transformação digital, que se juntou aos cirurgiões Fabio Saito e Rafael Piteri para fundar a plataforma, em 2021.
Atualmente, o aplicativo oferece três procedimentos: a toxina botulínica, o botox, seu carro-chefe; o preenchimento facial com ácido hialurônico; e a bioestimulação de colágeno. Todos eles são contratados por uma jornada feita totalmente no dispositivo. Em comum, eles têm o fato de que contribuem para a autoestima, atenuando queixas do cliente.
A maioria dos usuários vêm de parcerias com empresas, que oferecem a Realizee como um benefício corporativo, dentro da perspectiva de cuidados de saúde e bem-estar, como plano de saúde, psicoterapia, nutrição e academia, geralmente ofertados como uma regalia aos colaboradores. As empresas não pagam nada para oferecer o benefício.
Quem contrata os serviços por trabalhar em uma empresa parceira tem um desconto, em comparação com os usuários que buscam a plataforma por conta própria. O botox, por exemplo, sai por R$ 1.198, um valor que, segundo Morais, é 20% a 30% mais barato do que o preço do mercado, podendo ser parcelado em seis vezes. Para efeito de comparação, quem não é de uma empresa paga R$ 1.498 pelo mesmo procedimento.
“O mais legal é quando o usuário fala para nós que achava que isso era coisa de rico. E aí agora ele consegue fazer um procedimento. Estamos buscando principalmente essa classe que não tinha esse acesso até pouco tempo atrás. Menos de 3% das pessoas fazem procedimentos com médicos, justamente pelo valor, que estava muito segmentado na classe A. Estamos buscando isso nas classes B, C e D”, explica o fundador.
Modelo de negócio
A ideia surgiu em uma análise de mercado, conta Morais. O trio de sócios observou modelos de sucesso de benefício corporativo, no mercado de saúde e bem-estar, que vêm ganhando cada vez mais espaço, como Gympass. Eles perceberam que havia uma lacuna no mercado, em relação a procedimentos estéticos. “Não tinha um aplicativo para tratar a aparência, a autoestima, que é um dos pilares de bem-estar”, diz.
Junto a isso, soma-se o fato de que muitos médicos têm uma agenda ociosa, com horários vazios, outro problema que a plataforma resolve. Por isso, é benéfico para eles também. No lado dos consumidores, há a questão da conveniência. Contratar o serviço pelo aplicativo pode ser mais simples do que ligar em clínicas particulares perguntando pelo preço e a disponibilidade da agenda.
Além disso, por meio da Realizee há segurança. Apenas médicos especializados atuam na plataforma. São cirurgiões plásticos ou dermatologistas, que passam por uma curadoria e treinamento específico. Os produtos também passam por um controle de qualidade. Parte da possibilidade de ofertar um procedimento com preço abaixo do mercado é fruto de parceria com uma empresa farmacêutica, que dá condições especiais para a plataforma.
Jornada
Dentro do aplicativo, o usuário tem duas opções para contratar o serviço. Uma delas é por meio de um catálogo interativo, que sugere o procedimento mais adequado. O usuário faz uma consulta virtual por autoatendimento. Durante o cadastro, conta qual parte do corpo que gostaria de cuidar. Também diz quais são suas queixas, isto é, o que exatamente o incomoda, como uma expressão de braveza no rosto, um pé de galinha ou flacidez da pele.
Trata-se do mesmo procedimento que os médicos fazem na clínica, só que virtual. O processo foi criado com ajuda de especialistas, seguindo protocolos de saúde. No último passo, a pessoa indica qual microrregião na qual pensa em fazer o procedimento, como a testa ou entre as sobrancelhas. Com base em todas as respostas, o aplicativo sugere qual é o serviço.
A pessoa também pode contratar o procedimento diretamente, caso saiba exatamente o que quer. Mesmo assim, recebe assistência da plataforma. “Temos uma parte educacional, explicando o que é o procedimento, quais são os benefícios, quando o resultado começa a parecer. Por exemplo, uma toxina botulínica começa a dar resultado a partir de uma semana. O resultado definitivo vem em 14 dias e dura de quatro a seis meses”, conta Morais.
Expansão
O aplicativo nasceu durante a pandemia, em 2021. Naquele ano, foi feito um projeto piloto com 3 mil pessoas. Atualmente, ela conta com 22 mil usuários, seis clínicas e nove especialistas associados, em São Paulo. Acaba de ser fechado um contrato com o Grupo Universidade Tiradentes, de Aracaju, pelo qual os serviços da Realizee serão oferecidos para mais de 4 mil pessoas, entre funcionários e seus dependentes. Além disso, estão no roadmap Brasília, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Curitiba.
Atualmente, são feitos cerca de 50 procedimentos por mês. O objetivo é chegar a uma conversão de aproximadamente 3% da base. A meta, até o final de 2023, é 100 mil usuários – ou seja, a realização de 3 mil procedimentos. “Estamos montando uma parceria com uma rede de academias que tem mais de 30 mil alunos para oferecer o desconto de 10% dentro do nosso valor cheio. É um modelo que estamos testando e provavelmente vai ser um viés de crescimento da Realizee”, revela.
Além de números, a plataforma busca expandir o perfil do seu público. Hoje, cerca de 70% a 75% dos seus usuários são mulheres, mas já se observa um crescimento do uso entre homens também. Mais procedimentos estéticos devem entrar para a Realizee futuramente, seguindo as demandas apresentadas pelo próprio público. O mais próximo de ser implementado é o tratamento para calvície, tendo em mente o público masculino.
A ideia, no fim, não é apenas oferecer serviços, mas mudar a forma como são contratados procedimentos estéticos. “Estamos transformando esse hábito de consumo. As pessoas, antigamente, contratavam isso através de indicações ou passavam na esquina e viam uma clínica. Nós, como digitais, queremos construir essa segurança da comodidade, da pessoa contratar isso de uma forma nova”, afirma.