Considerado um dos setores mais importantes e sólidos da economia brasileira, o agronegócio tem sido palco de grande evolução tecnológica nas últimas décadas. A forte transformação na gestão dos negócios no campo ajudou no crescimento do País como grande exportador de commodities em escala global. No ano passado, o agro representou 27,4% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e empregou cerca de 20% da participação total do mercado de trabalho, de acordo com dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea – Esalq/ USP).
E a verdade é que ainda existe espaço para avanços na parte de digitalização de processos, além da própria inovação das ferramentas agrícolas do dia a dia, incluindo maquinários. Segundo dados do Distrito, US$ 100 milhões foram aplicados em startups brasileiras voltadas para o setor apenas em 2021.
Entre as principais tendências estão a agricultura de precisão, que usa tecnologias como big data, geolocalização, automação e robótica para aumentar a produtividade das lavouras de forma cada vez mais democrática. Assim, mesmo pequenos produtores podem aproveitar das facilidades mesmo sem necessariamente realizar grandes investimentos em recursos como sensores.
O melhor aproveitamento de dados gerados ajuda a desenvolver soluções mais inteligentes que não foquem apenas na completa exploração do solo. A inteligência artificial pode atuar como elemento de suporte em relação ao clima (temperatura, análise de chuvas e ventos), enquanto blockchain tem sido utilizado para obter um registro mais granular não somente das transações financeiras, mas também do deslocamento geográfico realizado no processo de escoamento das colheitas, por rodovias, ferrovias ou portos.
Apesar de olhar para o futuro, o presente ainda encara um forte desafio quanto à conectividade. De acordo com o mais recente TIC Domicílios, cerca de 30% dos domicílios em áreas rurais ainda não têm acesso à Internet. A evolução foi notável nos últimos anos, já que em 2015 apenas 22,5% dos domicílios rurais estavam conectados. Porém, longas distâncias, dificuldades de deslocamento e baixo adensamento populacional são fatores que explicam a diferença nesta questão em relação às grandes cidades.
E o próprio 5G é um exemplo disso. A expectativa inicial é que os municípios de menor população recebam a tecnologia entre 2025 e 2029, após ser implementada primeiro nas cidades com mais de 500 mil habitantes. Por isso, o caminho para levar Internet para o campo passa pelo uso de opções que já cobrem o território nacional em sua extensão – como os satélites.
Além de ser utilizada como fonte principal de conectividade, a tecnologia satelital também se mostra versátil em soluções integradas com outras tecnologias, como rádio, 4G e mesmo a fibra óptica. Isso permite que ele atue de forma customizada, de acordo com as particularidades de cada região. Esta combinação de tecnologias já foi testada e está em operação em várias regiões do País por diferentes empresas.
A transformação do agronegócio como um todo está em andamento e já tem o seu caminho traçado. O importante é saber como garantir que todo o leque de tecnologias e soluções disruptivas estejam ao alcance de todos, em especial aqueles que têm no campo não apenas o seu sustento, mas também o seu modo de vida e o seu lar.