Cerca de 24 milhões de crianças e adolescentes brasileiros de 9 a 17 anos são usuários de Internet no Brasil. O número representa 92% desse universo populacional. Dos usuários de Internet, 86% possuem perfis em redes sociais, um recorte de aproximadamente 21 milhões de pessoas.
A participação nas mídias sociais ocorre em altas proporções em todas as faixas etárias, atingindo quase a totalidade dos usuários de Internet de 15 a 17 anos (96%). Os dados são da pesquisa TIC Kids Online Brasil 2022, lançada nesta quarta-feira, 3, pelo CGI.br (Comitê Gestor da Internet) e conduzida pelo Cetic.br (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação) e do NIC.br (Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR).
O WhatsApp reúne 78% desses usuários, o Instagram 64% e o TikTok 60%. Já o Facebook possui 47% de consumidores crianças e adolescentes.
A rede mais usada na faixa de 9 a 12 anos é o TikTok. Já entre os mais velhos, ou seja, de 13 a 17 anos, é o Instagram. Ao avaliar por classe social, Instagram e TikTok estão empatados na classe C (35%) e o Instagram está ligeiramente acima (40%) na comparação com o TikTok (38%). Entre as classes DE também existe um empate entre as duas, 35%. O Facebook está presente em 10% dos usuários das classes DE, mas tem pouca relevância entre as classes AB (2%) e C (6%). A pesquisa ainda não avaliou a presença de crianças e adolescentes no YouTube. Segundo Luísa Adib, coordenadora da pesquisa, o app de vídeo será avaliado na próxima edição da pesquisa, que será lançada no segundo semestre de 2023.
Dispositivo de acesso
O telefone celular é o principal dispositivo de acesso à Internet entre crianças e adolescentes no Brasil, com 96%, sendo que é o único dispositivo utilizado por 56% dos usuários. A nova edição da pesquisa TIC Kids identificou um crescimento da televisão (63%) de 5 pontos percentuais na comparação com a última edição do estudo, quando apontou 58% do total de usuários de Internet de 9 a 17 anos usando a televisão como dispositivo de acesso à rede. O acesso à Internet pela TV foi maior nas classes AB (91%) – as proporções para as classes C e DE foram de 70% e de 41%, respectivamente. O videogame também registrou alta de 5 p.p., de 19% (2021) para 24% (2022). O acesso à rede por esses usuários via computadores foi de 43%.
Qualidade de acesso
A pesquisa também aponta que a baixa velocidade e a falta de créditos no celular são condições percebidas com frequência por parte dos entrevistados para o uso da Internet.
Entre as crianças e adolescentes usuários de Internet, 39% daqueles pertencentes às classes DE, 30% da C e 18% das AB reportaram que “sempre ou quase sempre” sentem a velocidade da conexão ficar ruim. Já 22% disseram que “sempre ou quase sempre” ficam sem Internet porque os créditos do celular acabaram. A proporção foi 15% para usuários das classes AB, de 19% para os entrevistados da classe C, e de 28% para os das classes DE. Além disso, 25% dos usuários das classes DE alegaram ter deixado de fazer alguma atividade online com medo de os créditos terminarem.
O estudo mostra também que 11% do total de crianças e adolescentes de 9 a 17 anos usuários de Internet reportaram ter ficado sem celular ou computador para acesso à rede “sempre ou quase sempre”. Ao fazer o recorte desse indicador por classe social, os resultados foram: 14% para a DE, 12% para a C e 3% para as AB.
Atividades
79% dos entrevistados enviaram mensagens instantâneas e 58% jogaram conectados com outros jogadores. Ouvir música (87%) e assistir a vídeos, programas, filmes ou séries (82%) figuram entre as práticas online mais realizadas por esse público.
A pesquisa TIC Kids descobriu também que 34% dos entrevistados de 9 a 17 anos procuraram informações sobre saúde na Internet nos 12 meses anteriores à realização do estudo. Além disso, 39% dos usuários afirmam que a Internet os ajudou a lidar melhor com um problema de saúde.
Sobre a questão do bem-estar online de crianças e adolescentes, 19% da população de 9 a 17 anos reportaram que “sempre ou quase sempre” ficam chateados ou incomodados com coisas que acontecem na Internet. As proporções foram maiores para usuários de 15 a 17 anos (22%), comparados aos de 11 a 12 anos (14%).
Metodologia
A 9ª edição da pesquisa TIC Kids Online Brasil entrevistou presencialmente 2.604 crianças e adolescentes com idades entre 9 e 17 anos e 2.604 pais ou responsáveis, em todo País. As entrevistas aconteceram entre junho de 2022 a outubro de 2022. O estudo está alinhado com o referencial metodológico do projeto Global Kids Online, coordenado pelo Unicef e com a rede Kids Online América Latina.