O WhatsApp desenvolveu uma funcionalidade de canais. Trata-se de uma ferramenta para broadcast de mensagens para um número ilimitado de pessoas. Somente os administradores podem publicar em um canal. As pessoas nele inscritos conseguem reagir às publicações e compartilhá-las. A privacidade dos participantes é protegida: os números telefônicos e as fotos dos perfis dos administradores não são revelados aos inscritos e vice-versa. Por enquanto, a novidade está disponível somente para instituições selecionadas na Colômbia e em Singapura, mas em breve será levada para o mundo todo e qualquer pessoa poderá criar um canal.

Será incluída uma nova aba dentro do WhatsApp chamada “Atualizações”, dentro da qual ficarão as ferramentas de Status (similar às stories do Instagram) e também os canais. Haverá ainda um diretório de canais, permitindo que eles sejam encontrados pelos usuários. A adesão a um canal poderá acontecer também via link de convite. Não há limite para o número de participantes de um canal.

Uma característica importante dos canais é que suas publicações não serão protegidas por criptografia de ponta a ponta, ao contrário das comunicações peer to peer ou dentro de grupos no WhatsApp. Isso significa que o conteúdo publicado em um canal estará sujeito ao escrutínio da plataforma, que poderá tomar providências caso firam a lei ou seus termos de uso. Além disso, as mensagens em canais ficam salvas por apenas 30 dias. 

Nas configurações de cada canal, os administradores poderão definir se suas mensagens podem ser compartilhadas; se podem ser coletadas imagens da tela; se o canal fica visível no diretório; e quem pode seguí-lo. No futuro, poderão também encurtar o tempo em que as publicações ficam disponíveis e incluir ferramentas de vendas.

Análise

A ausência de uma funcionalidade de canais era uma das maiores desvantagens do WhatsApp frente ao seu rival Telegram. Ao longo dos últimos anos, boa parte do crescimento do concorrente é atribuído à disponibilidade dessa ferramenta, que foi adotada por celebridades e políticos para o envio de broadcast de mensagens a seus seguidores. O ex-presidente Jair Bolsonaro, por exemplo, arregimentou mais de 1 milhão de seguidores em seu canal no Telegram durante as eleições do ano passado. De acordo com a pesquisa Panorama Mobile Time/Opinion Box sobre Mensageria Móvel no Brasil, de fevereiro deste ano, 61% dos usuários ativos mensais do Telegram participam de algum canal.

A chegada dos canais vai impactar outras duas ferramentas do próprio WhatsApp: comunidades e envio de mensagens de marketing pela API WhatsApp Business.

A ferramenta de comunidades, lançada há poucos meses, deixa de fazer sentido para broadcast de mensagens e passa a servir unicamente para o seu propósito original, que era o de organizar vários grupos relacionados a um mesmo assunto.

Além disso, os canais podem canibalizar parte do envio de mensagens em massa de marketing que aconteceriam pelo WhatsApp Business API. Em vez de pagar para enviar uma mensagem com uma promoção, empresas poderão criar canais e tentar atrair fãs das suas marcas. Dentro de um canal, poderão divulgar promoções e outras novidades sem pagar por isso. Porém, não terão ali conversas um a um com os consumidores. Provavelmente, os canais servirão no futuro como uma porta de entrada para sessões individualizadas de conversas para vendas e atendimento das empresas.

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