TuindaCare é uma healthtech brasileira nascida em 2020. A startup distribui no País o TytoCare, um dispositivo portátil para a realização de exames físicos por meio de atendimento remoto. Entre os parceiros da Tuinda está o hospital Albert Einstein em projeto para validar casos de 5G na saúde. Neste caso, a startup fornece para o projeto “Einstein Até Você” serviços de exames, vacinas e assistência médica. A ideia é que o projeto teste as possibilidades da rede móvel de quinta geração em qualidade de vídeo durante as teleconsultas, a possibilidade de se realizar exames diagnósticos em tempo real e como potencializar o uso de ferramentas de Internet das Coisas para a saúde. E, recentemente, a empresa firmou uma parceria com a prefeitura de São Caetano do Sul/SP para ser fornecedora em um projeto cuja meta – bem-sucedida – foi de zerar as filas de consultas e ampliar a especialidades de atendimento.
TytoCare é capaz de diagnosticar algumas condições como infecção no ouvido, febre, gripe e outras viroses, dor de garganta, congestões, erupções cutâneas, entre outras. O dispositivo chega com um aplicativo e adaptadores que se acoplam no device para exames no coração, pulmão, orelha, abdômen, pele e para medir a temperatura. Para usá-lo, o paciente, ou o profissional técnico que estiver com o paciente, deve ligar o dispositivo e o aplicativo. Quando os dois forem emparelhados, o médico, que está em uma outra localidade, assume o controle do TytoCare.
O dispositivo oferecido pela Tuinda vem de Israel e uma das maiores dificuldades da empresa foi estar em conformidade com a regulação do Brasil, o que só aconteceu em dezembro do ano passado, quando o TytoCare recebeu a certificação da Anvisa.
Para a realização do exame, a startup oferece diferentes formas. A primeira delas pode ser por meio de um técnico de enfermagem ou um enfermeiro. “Neste caso, é como um delivery de saúde. Fornecemos o kit e damos treinamento para clínicas, hospitais, triagens, e o enfermeiro vai com o kit para realizar o atendimento”, explica a executiva.
A outra possibilidade é o próprio paciente realizar uma espécie de autoatendimento com gerenciamento via teleatendimento.
“Não tínhamos regulamentação e essa foi a nossa maior dificuldade. Tínhamos grandes clientes e agora (com a aprovação da Anvisa) eles estão mais tranquilos”, explica em conversa com Mobile Time, Anna Clara Rabha, diretora médica da TuindaCare. “A plataforma é muito simples de usar e o paciente será monitorado por uma pessoa online. Nossa ideia é evitar que o paciente precise ir ao hospital, uma vez que o atendimento em casa é mais barato”, continua.
A ideia é que, na ponta do atendimento, o paciente receba o kit para a realização dos exames com um celular ou um tablet. É importante que o ambiente tenha conectividade Wi-Fi, 3G ou 4G.
Os clientes da Tuinda são clínicas, hospitais e planos de saúde, mas também as empresas de solução de saúde. “Neste caso, temos uma API aberta para fazer a integração”, diz Rabha
A plataforma oferece ao médico um dashboard onde encontram-se os dados do paciente. Porém, a diretora médica explica que não se trata de um prontuário eletrônico. “Todo o nosso ambiente foi criado em nuvem (AWS). Não foi feito para ser baixado no computador. O profissional de saúde precisa usar duas abas do navegador, mas traz mais segurança. Depois, é possível compartilhar os dados com o paciente por e-mail. O médico faz o download das informações e manda para o paciente”, explica.
São Caetano do Sul
No município de São Paulo, a meta era acabar com a fila de exames e consultas especializadas pelo Sistema Único de Saúde. O projeto consiste em oferecer um modelo de teleconsulta com um profissional técnico junto ao paciente, usando o dispositivo, e o médico atendendo remotamente. A Tuinda entrou no projeto a partir de convite da integradora GMI Med. No momento, o dispositivo da startup auxilia o atendimento nas especialidades otorrino e dermatologia.
Desde o início do serviço de telemedicina na cidade, em agosto de 2022, a rede atendeu mais de 20 mil pessoas, zerando a fila de espera por especialidades. Em média, 20% dos atendimentos nas especialidades foram realizadas com o dispositivo.
Apesar de o projeto ter começado em agosto, TytoCare só foi usado a partir de dezembro do ano passado. A ideia é que, em breve, o dispositivo seja utilizado para outras especialidades. Uma das negociações é a cardiologia.
Conectividade
Um desafio para usar o TytoCare é a conectividade. “Temos parcerias para testar modelos de conectividade com o Lab 5G – do Einstein em parceria com a Vivo – e outros dois parceiros com empresas de tecnologia (integrador e um projeto social)”, explica Rabha, sem dar os nomes das empresas. “Estamos buscando novas conectividades. Tentamos via rádio, Internet via satélite, em especial quando pensamos nas regiões norte e nordeste do País”, completa.
A startup
Em 2022, a Tuinda realizou 3,4 mil consultas online pela plataforma. No primeiro ano de vida da empresa, entre 2020 e 2021, foram 1.060 teleconsultas.
“Temos clientes maduros estrategicamente e existe um engajamento muito alto na plataforma. Temos uma empresa cliente nossa que, em dois meses, realizou 210 consultas conosco. É uma linha de cuidado muito específica, mas é interessante ver o nível de aceitação do público”, conta a diretora médica.