| Publicada originalmente no Teletime | Com plano de substituir gradativamente o cabeamento físico de agências pela cobertura 5G, o Itaú está iniciando um projeto de disponibilizar as unidades como pontos para infraestrutura de computação de borda (edge computing) das teles. Em paralelo, uma avaliação de modelos entre o 5G privativo e o público também está em curso.

Os planos na área de telecom foram revelados pelo diretor de tecnologia do Itaú, Fábio Napoli, em entrevista ao Teletime. No caso da capilaridade das agências suportando mini data centers edge das teles, a perspectiva é que de cinco a dez unidades sejam testadas no modelo ainda neste ano, ao lado de diferentes operadoras parceiras.

“Para o 5G entregar baixa latência, o processamento precisa estar mais perto da ponta, então estamos olhando as nossas agências e estudando como ponto de conexão. Elas já têm salas técnicas e mini data centers, então por que não aproveitar essa capilaridade?”, apontou Napoli. O Itaú reportava ao fim do primeiro trimestre 3,8 mil pontos físicos no Brasil e América Latina.

As primeiras agências com servidores distribuídos para suporte ao 5G devem ditar o rumo do modelo de negócios, seguindo abordagem “menos projetizada e mais produtizada” utilizada pelo Itaú em projetos de inovação. “Vamos fazer o roll-out, se ficar muito bom a gente pode sentar e expandir”, afirmou Napoli.

Itaú

Fábio Napoli, diretor de tecnologia do Itaú. Foto: divulgação

Além de um tradicional colocation da infraestrutura, o modelo poderia ser guiado por melhorias nas próprias unidades do banco – que está conectando suas 100 primeiras agências com 5G, em projeto em andamento seguindo a disponibilidade comercial do serviço pelas teles. “Aqui fomos pioneiros. A primeira agência a rodar com 5G no País foi nossa”, destacou o diretor de tecnologia, que traça planos relevantes de uso da tecnologia.

“É muito provável que vamos substituir parte dos links físicos pelo 5G, pela capacidade, segurança e pelo custo mais baixo que a tecnologia física tradicional”, prosseguiu Napoli. Ele ainda lembra que a empresa também é usualmente afetada por roubos e furtos de cabos de last mile (última milha) nas redes de telecomunicações.

Outra opção testada para substituir o cabeamento físico são satélites de baixa órbita (LEO), no caso de localidades remotas. Testes já envolvem Starlink e agora estão evoluindo para a validação de outros fornecedores.

Rede privativa

A discussão sobre a adoção massiva do 5G, contudo, também passa pela avaliação de um modelo privativo – sobretudo para o núcleo (core) de rede – e a comparação com o formato em parceria com operadoras. Uma alternativa proprietária tem sido avaliada no curso do projeto OpenCare 5G, que criou uma rede móvel privativa para o Hospital das Clínicas de São Paulo, habilitando recursos de telemedicina.

A iniciativa conta com o Itaú como fornecedor do core de rede privativo 5G, que opera a partir de data center da companhia. “Estamos pilotando alguns ambientes com rede privada para ver se seguimos com 5G das operadoras ou, se em alguns casos, a gente monta a nossa 5G”, explicou Napoli. A empresa pode seguir usando infraestrutura das teles “na ponta”, mas quer assumir gerência sobre recursos como o fatiamento de rede (network slicing).

O modelo de conectividade privativa também poderia criar sinergias futuras com outras frentes de negócios, por exemplo como possível fonte de valor agregado em setores como o agronegócio, atendendo demandas de Internet das Coisas, projeta Napoli. Vale lembrar que no mercado IoT a Itaú também detém a Rede, de maquininhas de pagamento; neste caso, a empresa ainda busca a homologação de chip 5G adequado à estratégia de negócios da empresa.

Inovação

De forma geral, o Itaú se coloca como um dos maiores consumidores de serviços de telecomunicações do País. “Quando olhamos inovação, não tratamos telecom como business as usual”, afirmou o diretor de tecnologia da empresa, destacando papel de “ajudar na evolução das redes” como grande usuária e pioneira na adoção de novas tecnologias.

Dessa forma, a relação com a cadeia passaria desde o aspecto mais básico – como a cobertura fixa de agências, equipadas com SD-WAN desde 2017, ou serviços de mobilidade para mais de 100 mil colaboradores – até o aspecto fundacional, onde a companhia financeira aparece como demandante de grandes projetos de infraestrutura.

Um deles é a interconexão com dez rotas distintas entre os data centers do banco em São Paulo e Mogi Mirim (SP). O projeto envolve cinco operadoras diferentes, revelou Napoli. Também no segmento de transporte, o Itaú destaca uma marca de 4 milissegundos de latência atingida em projeto de conexão entre diferentes fornecedores de cloud da instituição financeira – que também tem apostado em abordagem multicloud para as operações.

 

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