O governo federal, os Correios e o Google têm planos para expandir para todo o Brasil o projeto do Plus Codes, que são endereços digitais para comunidades onde não existe CEP. A informação é do deputado federal Júlio Lopes (PP-RJ), relator do Grupo de Trabalho sobre alternativas digitais de tributação e desburocratização da Câmara dos Deputados, que está acompanhando o projeto.
“Estamos trabalhando com o Governo Federal e com os Correios. As reuniões têm ido muito bem e os Correios já estão em contato próximo com as áreas de tecnologia do Google”, explicou Lopes em conversa com este noticiário durante o evento em homenagem aos 25 anos da Huawei feito em parceria com a Funcex (Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior), na última quinta-feira, 24, no Rio de Janeiro.
O Plus Codes é um código alfanumérico feito a partir da latitude e da longitude do local. A ideia é que ele esteja atrelado a um CEP próximo da área. A pessoa que não tiver um endereço, por morar em uma comunidade ou uma área rural mais distante, por exemplo, receberá o Plus Code. Com este código, será possível localizar sua residência e, a partir daí, a pessoa poderá receber cartas, compras, contas etc. “E será franqueado, quer dizer, ele não vai precisar só das ferramentas do Google. A pessoa poderá usar outra plataforma. O Google disponibiliza esse endereço e, a partir daí, a pessoa pode usar para qualquer atividade”, explica o deputado.
“Inclusive, estive com o ministro da Assistência Social, Wellington Dias, e ele está muito interessado porque os brasileiros que precisam do Bolsa Família muitas vezes não têm endereço formal. E, com essa parceria que estamos fazendo, a ideia é que todos os brasileiros possam ter esse endereço com base na tecnologia”.
Ainda segundo Lopes, o prazo para que todos tenham seu endereço por meio do Plus Code é de dois anos ou até o final deste governo.
Relembre
A primeira iniciativa do Plus Codes no Brasil foi em 2019, para oferecer endereços a proprietários rurais no interior de São Paulo. O seguinte foi na comunidade de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, em maio de 2022. Este projeto era uma parceria da big tech com a Americanas SA, a startup de logística Favela Brasil XPress e o bloco de líderes empreendedores G10 Favelas, e estava voltado para permitir que os moradores da comunidade pudessem realizar compras online pela Americanas e recebê-las em casa.
Plus Code é uma ferramenta aberta. Ela gera códigos semelhantes ao código postal (CEP), mas que, neste caso, pode ser usado no Google Maps e Waze, por exemplo, por serem feitos a partir da longitude e da latitude. Neste caso de Paraisópolis, a equipe do Favela Brasil XPress faz o mapeamento dos locais por meio de celulares, e instala adesivos provisórios. Na sequência, o Google confecciona as placas que são instaladas na casa dos moradores de Paraisópolis. Desse modo, o morador pode pedir entregas no site da Americanas.com usando seu endereço digital e a Favela Brasil Xpress levará os pedidos até a casa do consumidor.
Em junho deste ano, durante o Google for Brasil, a companhia confirmou a expansão da tecnologia Plus Codes para mais 20 comunidades do País.
A iniciativa ganhou o Prêmio Seleção Mobile Time 2023 na categoria inovação com impacto social/ambiental pela escolha do júri.
O deputado não informou quem fará as placas dos moradores no projeto de âmbito nacional.
Outra ação de cidadania
Lopes também comentou por alto sobre uma outra parceria entre Google, Waze e Ministério da Justiça, por meio da Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor), cuja proposta é desenvolver uma solução para promover ações de cidadania, no que concerne a defesa do consumidor.
A nova ferramenta será desenvolvida a partir da aplicação do Waze, porém, será integrada ao Gov.br e gerenciada pelo governo federal.
“Não vamos operar pelo Google, mas pelo Gov.br, porém, instrumentalizado por esta tecnologia”, disse Lopes.
Sem entrar em detalhes, o deputado explicou em sua fala durante o evento que a ideia é que as pessoas troquem informações de preços de alimentos em determinados locais, ou de combustível, entre outros dados que seriam inseridos na plataforma pelos próprios usuários. “Estamos estudando como isso deve ser feito. Está bem avançado e estou muito animado porque algo de bom vai surgir”, completou.