Assim que a empresa, atualmente conhecida como Siemens, deu início às suas atividades em 12 de outubro de 1847, alguns trabalhos importantes começaram a surgir. No ano seguinte, em 1848, os sócios firmaram um contrato com o governo alemão para instalação de uma linha de telégrafo com o objetivo de ligar as cidades de Frankfurt e Berlim. A linha, que consistia em uma extensão de 500 km, era a maior da Europa naquela época. Para que uma parte dessa linha pudesse ser subterrânea, Johann Georg Halske criou a prensa de guta-percha – máquina que revestia os fios com material isolante. Antes disso, as linhas telegráficas eram todas suspensas.

Confira aqui a primeira parte da história da Siemens AG.

Três anos depois, a Siemens & Halske passou a expandir suas atividades para fora da Alemanha. Inicialmente, começou pela Rússia, abrindo uma filial para fornecer telégrafos para a linha Moscou, em São Petersburgo. Em 1853, o governo russo contratou a empresa para a instalação de uma linha gigante, com mais de 10 mil km, ligando a Finlândia com a região da Crimeia. Com isso, a década de 1850 foi marcada por esses e outros contratos que permitiram o crescimento da companhia.

No fim da mesma década, Werner von Siemens e seu irmão Carl Wilhelm (William) Siemens fundaram uma sede na Inglaterra, a Siemens & Halske Co. Ainda na Inglaterra, os irmãos Siemens construíram Faraday, um barco que foi utilizado na instalação de cabos telegráficos submarinos. Mais tarde, este mesmo barco auxiliaria na instalação da primeira linha telegráfica conectando a Europa com os Estados Unidos, feita também pela companhia.

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Produção de geradores na fábrica de Nuremberg da Siemens-Schuckertwerke, por volta de 1914. Imagem: Siemens/Reprodução.

A Siemens & Halske também tornou-se conhecida mundialmente por sua manipulação de projetos de alto risco extremo. Em 1870, por exemplo, ocorreu a construção da primeira linha telegráfica transcontinental, em linha reta, que ligou as cidades de Londres a Calcutá com 11 mil km de comprimento, fazendo com que o tempo de transmissão de uma mensagem entre as duas regiões se reduzisse em apenas alguns minutos.

Beirando à década seguinte, em 1879, Werner von Siemens inventou o gerador elétrico e apresentou a primeira ferrovia elétrica. Em 1881, a empresa instalou a primeira rede de iluminação elétrica de rua da Europa e a primeira linha de bondes do mundo.

Século XX

O século seguinte foi marcado pela criação da Siemens-Schuckertwerke, que foi uma empresa dedicada à área de engenharia elétrica e telecomunicações, em parceria com o Sigmund Schuckert. Nesta altura, os fundadores da haviam falecido, deixando o comando com a família Siemens.

A Siemens-Schuckertwerke incorporou a Protos, uma fabricante de carros alemã, em 1908, decidindo também projetar carros de corrida. No entanto, não demorou muito para que a fabricação de carros fosse encerrada, na década de 1920, com a Siemens se concentrando cada vez na produção de material elétrico e de eletrodomésticos (muitos dos quais lançados sob a marca Protos). Posteriormente, contribuindo para a fabricação de tanques de guerra.

Em paralelo, no inverno de 1909, fortes tempestades e granizo desligaram o sistema telefônico na parte norte da Alemanha durante semanas. Como resultado, o Reichspostamt – os Correios Alemães, que operavam o sistema telefónico do País – decidiu substituir a sua rede de linhas aéreas por cabos pupinizados que passavam no subsolo. Assim, durante toda a década de 1920, a Siemens esteve envolvida na expansão do sistema telefônico alemão e na sua ligação com os de outros países. Em 1937, 1,1 milhão de chamadas telefônicas foram efetuadas na rede telefônica europeia.

Primeira Guerra Mundial

A Siemens teve participação na Primeira Guerra Mundial, com seu envolvimento na produção de armamentos. Além de equipamentos militares de engenharia elétrica, como holofotes e equipamentos para navios de guerra e materiais telefônicos e telegráficos, a empresa fabricava produtos que iam desde a produção de fusíveis para granadas e peças de metralhadoras até a fabricação de motores de combustão para aviões e automóveis.

No fim da guerra, a Siemens havia perdido quase todas as suas subsidiárias e empresas afiliadas. Em 1921, a Siemens-Schuckertwerke expandiu suas operações para a Ásia ao formar a joint venture Fusi Denki Seizo no Japão, na qual detinha uma participação de 30%.

Segunda Guerra Mundial

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Trabalho escravo em Siemensstadt em Berlim, 1943. Imagem: Siemens/Reprodução.

Assim como a primeira, sua contribuição na Segunda Guerra Mundial foi relevante. A economia alemã cresceu visivelmente desde meados da década de 1930, que foi baseada quase inteiramente em contratos governamentais de armamento. Como era líder da indústria elétrica alemã, as receitas da Siemens – tal como as de outras grandes empresas – aumentaram continuamente desde 1934 e atingiram o seu pico durante os anos de guerra.

Com a intensificação da guerra no final da década de 1930, a procura de armamentos por parte do regime começou a criar mais demanda. A situação da ajuda em relação aos trabalhadores agravou-se à medida em que um número crescente de funcionários nas diversas fábricas da empresa foram convocados para o serviço militar. Segundo a empresa, “o recurso ao trabalho forçado (escravo) era visto como a única forma de compensar a escassez de mão-de-obra“.

A partir de 1940, a Siemens passou cada vez mais a solicitar trabalhadores forçados para manter os níveis de produção. Estes trabalhadores incluíam pessoas de territórios ocupados pelos militares alemães, prisioneiros de guerra, judeus, Sinti (genericamente conhecidos como ciganos), Roma e, nas fases finais da guerra, prisioneiros de campos de concentração. Durante todo o período de 1940 a 1945, pelo menos 80 mil trabalhadores escravos trabalharam na Siemens.

Após o mês de abril de 1945, todas as fábricas da Siemens em Berlim foram fechadas. Quase metade dos edifícios e instalações de produção da empresa foram destruídos na guerra. Após a rendição, tudo o que havia restado – incluindo um grande número de máquinas funcionais, todo o inventário da empresa, uma grande parte do seu estoque e produtos acabados, bem como documentação técnica e desenhos de projeto – foi desmontado e removido pelo exército soviético como reparação. Além disso, todos os seus direitos de marca registrada e patente foram rescindidos; todos os seus ativos estrangeiros foram perdidos. No geral, a empresa perdeu 80% do seu valor total ou cerca de 2,6 bilhões de marcos alemães.

“A Siemens reconhece o seu passado. Isto vale também para as ações da empresa durante a época do Nacional-Socialismo. O fato de a Siemens ter permitido que as pessoas trabalhassem contra a sua vontade durante uma época em que a empresa era parte integrante da economia de guerra do regime nacional-socialista desonesto é algo que a atual gestão de topo e os funcionários da empresa lamentam profundamente. Com base na consciência desta história e no assumir responsabilidades perante ela, a empresa está empenhada em envolver este passado de diversas maneiras”, disse em posicionamento registrado em sua própria página que descreve o período.

Além disso, ela acrescenta que “no passado, a Siemens demonstrou o seu compromisso com esta responsabilidade através das suas contribuições para a Jewish Claims Conference (1962), para o seu próprio ‘Siemens-Hilfsfonds für ehemalige Zwangsarbeiter’ (1998–2000) [Fundo de ajuda da Siemens para ex-trabalhadores forçados na tradução livre], bem como para a iniciativa de fundação de empresas alemãs conhecidas como ‘Erinnerung, Verantwortung und Zukunft’ (2000) [Memória, responsabilidade e futuro, na tradução livre] no valor de cerca de 155 milhões de euros”.

Anos seguintes

A década de 1950 foi um período de recuperação para a empresa. Em 1966, Siemens & Halske, Siemens-Schuckertwerke e Siemens-Reiniger-Werke se juntaram para formar, finalmente, a atual Siemens AG. A união das empresas abriu caminho para um grande reposicionamento no setor elétrico.

Na metade da década de 1990, a Siemens se tornou a maior fabricante de computadores da Europa e, em 1997, lançou na Alemanha o primeiro telefone celular GSM com visor colorido. Um ano depois, a empresa mostrou ao mercado seu primeiro leitor de impressões digitais, dando assim seus primeiros passos na área da biometria.

No Brasil

A Siemens chegou ao Brasil em 1905. Porém, só começou a produzir internamente em 1939. Em 1978, fabricou no País cinco dos maiores geradores hidrelétricos do mundo para a usina de Itaipu.

Atualmente, a operação brasileira da Siemens é uma das maiores do mundo, sendo produtora de tecnologias de eficiência energética através de construção de turbinas eólicas offshore, turbinas de ciclo combinado para geração de energia, soluções de transmissão de energia, soluções de infraestrutura, tecnologias submarinas de gerenciamento de energia offshore, soluções de automação, unidade e software para a indústria e ainda equipamentos médicos de imagem – como sistemas de tomografia computadorizada e ressonância magnética computadorizados – fornecendo ainda testes de diagnósticos laboratoriais.

A empresa emprega no Brasil aproximadamente 8 mil colaboradores, divididos entre 13 fábricas, sete centros de Pesquisa e Desenvolvimento e 13 escritórios regionais.

 

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