A Allcom, empresa especializada na oferta de gestão de dispositivos IoT, planeja se tornar uma operadora móvel virtual (MVNO, na sigla em inglês) no ano que vem. A decisão estratégica já foi tomada, mas falta agora a escolha da rede parceira e o rito regulatório.

A Allcom vem crescendo rapidamente. Fundada em 2017 por executivos com longa experiência no setor de telecomunicações, como seu CEO, Marcio Fabozi, a empresa gerencia hoje 3 milhões de conexões IoT, das quais 1 milhão foram adicionadas neste ano. Para 2024, a projeção é chegar a 4 milhões. 

Aproximadamente 65% da base é composta por dispositivos de gestão de frotas; 20% estão em meios de pagamento (maquininhas de cartão); e 15% em outras verticais (maquinário agrícola, medidores inteligentes de utilities, smart cities etc). 

A receita da empresa este ano deve ser da ordem de R$ 180 milhões. E a expectativa para 2024 é de chegar próximo a R$ 240 milhões.

O rápido crescimento da Allcom é atribuído por Fabozi a uma série de fatores, incluindo a experiência dos sócios-fundadores. “Nossos sócios estão no mercado há muito tempo. Um deles está há mais de 20 anos nesse segmento. Outro tem 12 anos. E eu também. E trabalhamos muito tempo em multinacionais, o que nos deu bagagem para estratégia corporativa”, explica o executivo. 

“Outro fator é que montamos uma máquina de vendas com abrangência nacional voltada para varejo no IoT. Nosso time de vendas tem 25 pessoas. É o maior time M2M do Brasil”, acrescenta. “Também contou a nossa favor termos entrado em outras verticais onde agregamos valor, como meios de pagamento”, complementa.

Os clientes da Allcom acessam uma plataforma multioperadora desenvolvida pela empresa chamada AllManager. Através dela gerenciam todas as conexões, acompanhando consumo de dados, alertas, mapa de calor, posicionamento e faturas, independentemente da operadora móvel utilizada. 

Nesse contexto, e considerando o tamanho da sua base, faz sentido estratégico ter também uma oferta de MVNO.

Desligamento do 2G

Fabozi é a favor do desligamento da rede 2G no Brasil. Mas entende que é preciso marcar uma data, para que o mercado tenha tempo de se planejar. “Por mais dolorido que seja, a indústria tem que se movimentar. É uma troca que envolve desinstalação de equipamentos e troca por novos, que são mais caros. Tendo uma data o pessoal consegue se programar”, avalia.

A diferença de preço entre módulos 4G e 2G já não é mais tão grande, frisa o CEO da Alcomm. “Um ano e meio atrás custava o dobro. Agora está entre 40% e 50% mais caro”, relata. Porém, surgiu um outro problema: hoje existe apenas um fornecedor mundial de módulos exclusivamente 2G, alerta Fabozi. E a dependência em um único fabricante representa um risco para os negócios.

A Allcom ainda vende equipamentos com conectividade 2G, mas somente aqueles considerados praticamente descartáveis, como rastreadores-isca que são instalados em embalagens de produtos caros e que acabam sendo jogados fora depois que a entrega é feita.

Imagem no alto: Marcio Fabozi, CEO da Allcom (Crédito: divulgação)

 

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