As vendas de tablets no Brasil geraram uma receita de R$ 766 milhões no terceiro trimestre, crescimento de 5,5% na comparação com o mesmo período do ano anterior. O tíquete médio subiu 11%, chegando a R$ 1,5 mil, de acordo com o relatório da IDC Brasil.
No entanto, o volume de vendas para o consumidor final (B2C) encerrou o terceiro trimestre com queda de 9%, com 343 mil remessas ante 375,5 mil do mesmo período em 2022. Renato Meireles, analista sênior de pesquisa e consultoria de consumer devices da empresa de análise de mercado, credita esse movimento – menor volume de unidades vendidas e maior receita – ao aumento do tíquete médio porque o consumidor final está mais exigente para escolher seu dispositivo.
“O usuário de tablets (assim como acontece em smartphones e outros devices) está cada vez mais em busca de um produto com melhor desempenho. Um processador com boa performance, uma boa memória, boa bateria”, respondeu Meireles em e-mail enviado a Mobile Time. “Ou seja, a decisão de compra do consumidor está voltada para as especificações que o produto oferece e não apenas a preço e marca”, completou o especialista, ao citar o aumento de 39% nas buscas por tablets com telas acima de 9 polegadas.
Questionado se o segmento está começando a ficar “nichado”, Meireles explicou que há espaço para os tablets intermediários e premium no mercado brasileiro e até mesmo global. Exemplificou com as demandas aquecidas em países mais maduros, como China e Estados Unidos, para tablets premium e intermediários, além do apetite do mercado indiano por produtos de entrada.
“Os tablets de entrada possuem um apelo voltado ao público que busca o seu primeiro tablet e que decide adquirir um modelo com especificações menos robustas”, detalhou o analista. “Assim como os tablets kids – voltados para o público infantil – movimentam vendas significativas para a categoria em sazonalidades específicas e que também são ofertados na faixa de entrada”, completou.
Crescimento e market share
Como exemplo da dinâmica do mercado de tablets no Brasil, Meireles compartilhou com esta publicação os dados de peças enviadas ao varejo e a fatia de mercado por faixa de preço que comparam os terceiros trimestres de 2022 e 2023. Aqui, o analista destaca um “ganho de espaço” das faixas intermediárias e premium no B2C em market share e remessas.
Faixa de preço | Remessas 3T22 | Remessas 3T23 | Crescimento 3T22 x 3T23 | Market Share 3T22 | Market Share 3T23 |
Entrada – abaixo de R$ 700 | 124,6 mil | 78,2 mil | (37%) | 33% | 23% |
Intermediário – entre R$ 700 e R$ 2 mil | 180,8 mil | 189,4 mil | 5% | 48% | 55% |
Premium – acima de R$ 2 mil | 70 mil | 75,5 mil | 8% | 19% | 22% |
Total | 375,5 mil | 343,2 mil | (9%) | 100% |
B2B
No comércio de tablets para empresas, a queda foi mais acentuada (24%) com 140 mil peças enviadas ao mercado. Neste caso, Meireles atribui o recuo ao cenário macroeconômico e à baixa demanda das companhias, que não pretendem atualizar ou ampliar seus parques de tablets.
2024
Para o próximo ano, a expectativa é que o varejo colabore com vendas dos produtos, chegando a 1,4 milhão de unidades. No todo (B2C e B2B) de 2024, a IDC Brasil prevê uma queda de 2,7%, com 2 milhões de remessas de tablets ao mercado.
Imagem principal: Renato Meireles, analista sênior de pesquisa e consultoria de consumer devices da IDC Brasil (arquivo: IDC Brasil)