Aproximadamente 41% dos brasileiros podem ser substituídos ou terem funções afetadas pelo emprego da inteligência artificial. O dado é de um estudo global do Fundo Monetário Internacional (FMI) feito com informações de 142 países ligados à Organização Internacional do Trabalho (OIT), mas analisou granularmente os dados locais de duas economias avançadas (Estados Unidos e Reino Unido) e quatro emergentes (África do Sul, Brasil, Colômbia e Índia).
Globalmente, o estudo do Fundo Monetário Internacional revelou que 40% dos trabalhos no mundo serão substituídos ou complementados pela IA. Na prática, isso significa que as posições podem ser beneficiadas e ganhar produtividade com a IA (alta exposição e alta complementariedade) ou podem substituir funções feitas por seres humanos e resultar em baixa demanda de trabalho, baixos salários e em caso mais extremos algumas funções podem desaparecer (baixa exposição e baixa complementariedade).
“O impacto na geração de emprego dependerá da capacidade de os países inovarem, adotarem e se adaptarem à IA. Mercados avançados e emergentes e em desenvolvimento: as economias estão sujeitas a uma incerteza considerável em torno destas previsões”, diz trecho do estudo.
Como a IA vai afetar com certeza o mercado de trabalho, os ganhos e a distribuição de renda, o órgão pede que os políticos e reguladores tenham uma “abordagem mais proativa” sobre as possíveis implicações da inteligência artificial. E que essas leis sejam orientadas para a “manutenção da coesão social”.
No meio do caminho, um Brasil
No documento de 42 páginas, o FMI afirma que o Brasil representa um “caso amplamente intermediário”. Em outras palavras, um país meio-termo entre as economias avançadas, que terão impacto de alta exposição e complementariedade em cargos gerenciais e poderão se beneficiar da IA (vide Reino Unido), e aqueles países que terão baixa exposição e baixa complementariedade, com perda de posições de trabalho da agricultura, indústria e construção civil (exemplo: Índia).
Contudo, o FMI indicou que a adoção de IA em países de baixa renda pode refletir em uma “rápida adoção da tecnologia móvel” e levar a “grandes benefícios marginais” da IA. Além disso, se a infraestrutura digital for “adequadamente implementada”, a IA pode representar “uma oportunidade para mercados emergentes e nas economias em desenvolvimento”, uma vez que pode resolver a “escassez de competências”, especialmente nas áreas da saúde e da educação setores, aumentando a inclusão e a produtividade.
Mudança de funções
O Fundo também indica como pode ser a transição de mercado de trabalho com o avanço da IA, ao comparar o Brasil com o Reino Unido. Nos dois países, os profissionais com formação de ensino superior tem condições de fazer uma mudança melhor, ante os profissionais que não têm formação superior.
Também alerta que os trabalhadores jovens (entre 20 e 30 anos) têm condições melhores de se posicionar neste cenário, em comparação com aqueles mais experientes (35 a 55 anos). E a diferença salarial vai aumentar entre aqueles que trabalham em posições com IA complementando suas funções (mais alto) e aqueles que a IA não vai complementar suas funções, mas tem alto risco de perda de emprego.
O documento completo pode ser baixado aqui (em inglês).