Como estamos na época das premiações de filmes e séries que sempre relembram as pessoas que faleceram recentemente, com todo respeito em mente, a coluna desta semana faz uma alusão e homenagem a um app que deixará de existir, o Artifact (Android, iOS) e aborda como é o fim de uma aplicação.

O primeiro ‘in memoriam’ do Dica de Apps foi desenvolvido por Kevin Systrom e pelo brasileiro Michel Krieger, os criadores do Instagram. O Artifact tinha como promessa “reimaginar o feed de notícias”, com informações pertinentes ao usuário e curadas por uma inteligência artificial, em um formato bem similar ao X e Post.News.

Em resumo, a ideia do Artifact é que o usuário recebesse notícias que fossem realmente importantes para o seu cotidiano, uma vez que logo após o login escolhia editorias e temas que fossem pertinentes, como tecnologias, finanças, séries de TV e filmes.

Mesmo com destaque na Google Play como ‘app essencial’ e tenha criado soluções diferenciadas, como combater o clickbait, gerar resumos com IA, ouvir artigos com text-to-speech e envio de notificações no seu tempo, o aplicativo não sobreviveu. Talvez por ter focado muito no mercado norte-americano e não ter ampliado suas fronteiras ou pela encruzilhada que o consumo de notícias tem hoje, como:

  • A falta de remuneração e a pirataria de notícias por parte de grandes plataformas;
  • O uso das notícias para criar grandes modelos de linguagem (LLMs) que alimentam a nova fronteira da inteligência artificial, novamente, sem o devido pagamento e clareza aos seus conteudistas;
  • O uso da notícia como commodity e de técnicas como windmill, com alto volume produção de materiais, sem apuração ou checagem prévia;
  • A batalha entre o fato apurado e a verdade contra as fake news;
  • O clickbait que não entrega a verdadeira informação e engana o leitor;
  • Além do crime de plágio escondido por trás de um simples ‘CTRL C + V’.

Mas em sua carta de despedida Systrom afirmou que o app não teve “oportunidade de mercado” muito grande para garantir uma continuidade de investimento: “É fácil para startups ignorarem a realidade, mas tomar a dura decisão o quanto antes é melhor para todos os envolvidos”, escreveu o executivo, ao lembrar que o app tinha um time com oito pessoas.

Agora, o Artifact está em processo de desligamento faseado e logo vai desaparecer.

Na prática, os desenvolvedores lançaram uma última atualização no dia 8 de janeiro. No dia 12, os criadores confirmaram o fim do app no site da empresa. Por enquanto, os usuários podem entrar e ver as notícias, mas não é possível gerar posts e comentários. Em fevereiro, a parte de notícias será desconectada.

 

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