O presidente da Associação Brasileira de Empresas de Software (Abes), Paulo Milliet, não acredita que o Brasil está em patamar de disputar com os principais países produtores de propriedade intelectual para inteligência artificial, como Estados Unidos, China e Reino Unido. Por isso acredita que a estratégia deve ser mais focada no desenvolvimento de aplicações que em plataformas de IA.

Dando sua visão particular nesta terça-feira, 6, Milliet afirmou que atualmente o cenário da IA é dividido em dois grupos: os provedores (Microsoft, Amazon, Google, OpenAI) que tratam a IA como um sistema operacional, e os desenvolvedores, que somam 12 mil empresas no mundo que criam aplicativos para IA. É nesse segundo grupo que o representante da associação vê potencial para o Brasil.

“As plataformas (de IA) podem aumentar e chegar a dez, por exemplo. Mas veremos uma consolidação de mercado entre essas plataforma no futuro. Com isso, a possibilidade que temos (no Brasil) é com empresas criando aplicativos de maneira agnóstica, como soluções pontuais para saúde, documentação e mapeamento. Para nós isso é uma oportunidade grande”, disse.

Por sua vez, Andriei Gutierrez, vice-presidente da Abes, afirmou que a IA é estratégica para o desenvolvimento socioeconômico do país, mas que os debates sobre o tema “precisam ser amadurecidos”. Afirmou ainda que, diferentemente do burburinho, a inteligência artificial “vai além do ChatGPT e do “deepfake”.

“Ainda não começamos a entender os impactos da IA nos setores e na cadeia de valor do Brasil. Ainda estamos engatinhando. Precisamos nos questionar: Como queremos estar em 10 ou 20 anos? O que o Brasil vai produzir? Precisa investir em capacidade computacional? Em modelos em português? Investir em empresas? Como está a qualificação profissional no País? Quantos profissionais vamos qualificar?”, questiona Gutierrez.

Investimentos

Milliet enxerga como um bom começo o apoio do governo a partir de uma linha de financiamento de R$ 170 milhões para projetos de IA feito pelo programa Finep Mais Inovação, lançado em janeiro deste ano. Afirmou ainda que esse montante pode ajudar a criar aplicações de IA pertinentes para o País.

“Não dá para montar um sistema para competir com OpenAI. Mas podemos usar esse dinheiro para criar aplicações para essa e outras plataformas. Isso permitirá ao país ter uma chance de ser bem-sucedido”, disse. “Sabemos que outros países investem mais dinheiro, mas é um começo”, completou.

Para Jamile Sabatini Marques, diretora de inovação e fomento da ABES, esse valor é inicial para fomentar a tecnologia. Ressaltou que é preciso “mais recursos” e de “outras rodadas de editais” para que o Brasil comece a ser uma referência em IA e assim gerar um avanço no empreendedorismo.

Crédito: imagem produzida por Mobile Time com IA generativa (Dall-E 3)

 

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