A Lei dos Chips (Chips Act) inclui US$ 500 milhões a serem destinados à indústria de semicondutores em países amigos e próximos dos Estados Unidos, para diminuir a dependência existente hoje das plantas localizadas na Ásia. México, Costa Rica e Panamá constam em uma primeira lista de países candidatos a esse dinheiro, cuja alocação será definida pelo Departamento de Estado dos EUA. Na opinião do diretor de políticas públicas da Intel Brasil, Emilio Loures, o País tem condições de fazer parte desse grupo.

Emilio Loures Intel

Emilio Loures, diretor de políticas públicas da Intel Brasil

“A lista com México, Costa Rica e Panamá foi divulgada no ano passado, mas ela ainda pode ser ampliada. Queremos tentar colocar o Brasil nela”, disse Loures, em entrevista para Mobile Time.

O Brasil conta com várias indústrias que hoje fabricam memórias para PCs e celulares. Essas empresas poderiam atuar, por exemplo, nos processos de montagem, testes e encapsulamento de circuitos integrados, entende Loures.

Além disso, o País possui pelo menos nove design houses de semicondutores, outra etapa que poderia ser beneficiada com apoio da Lei dos Chips dos EUA. Para a Intel, é interessante que surjam mais design houses pelo mundo porque a empresa também se posiciona como uma fabricante de chips de terceiros.

“O que mais queremos é que existam diversos outros mercados e empresas desenhando chips porque queremos produzir pra eles. Vemos com muito carinho iniciativas nacionais do mundo inteiro para incentivar etapas do processo produtivo de semicondutores, como o seu desenho, porque podem gerar potenciais clientes lá na frente”, explica o executivo.

O refino de terras raras e outros minerais usados na fabricação de semicondutores também é uma área estratégica que hoje se encontra muito concentrada na Ásia e que seria interessante para o governo norte-americano estimular uma melhor distribuição geográfica, especialmente em países amigos e próximos.

Por fim, Loures também enxerga potencial para o Brasil desenvolver uma indústria própria de processadores para setores mais específicos, como sensores para agroindústria. Mas acredita ser mais difícil, pelo menos no médio prazo, a instalação de fábricas de semicondutores de alta performance, chamadas de “foundries”.

A Intel conta com foundries nos EUA, na Irlanda e em Israel. E vai construir uma nova na Alemanha. A empresa anunciou recentemente US$ 100 bilhões de investimento nos próximos cinco anos nos EUA.

Ilustração no alto: Nik Neves

 

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