A plataforma centralizada do Stir/Shaken entrou em operação nesta semana no Brasil. As operadoras iniciaram testes primeiramente com seus próprios números e ao longo das próximas semanas farão ajustes técnicos de interoperabilidade e definirão suas estratégias comerciais para a oferta do serviço no mercado, segundo apurou Mobile Time.

“Este é um marco divisor no setor de telecomunicações brasileiro, do mesmo nível da portabilidade numérica. Tivemos que mudar toda a rede, e a interconexão entre as redes. Tudo funciona 100% online e precisa ser monitorado em tempo real”, descreve Jorge Alberto Bichara de Melo, diretor executivo da área jurídica, regulatória e de atacado da Datora, em entrevista para Mobile Time.

O Stir/Shaken é um sistema de autenticação de chamadas de telemarketing que opera de maneira integrada às redes de telecomunicações, apresentando na tela do smartphone do usuário o nome da empresa que está ligando, sua logomarca e o motivo da ligação. Trata-se de uma iniciativa que já foi adotada nos EUA e no Canadá e cujo objetivo é reduzir fraudes e aumentar a proporção de atendimento de chamadas legítimas. No Brasil, está sendo utilizado um software fornecido pela Cleartech gerenciado de maneira centralizada pela ABR Telecom, a mesma entidade responsável pela portabilidade numérica.

As operadoras vão remunerar a ABR Telecom pela operação e manutenção do sistema. O valor varia de acordo com o volume e fica na casa de milésimo de Real por chamada.

Portal unificado

Haverá um portal unificado para o cadastramento dos usuários do Stir/Shaken, como as empresas de call center, e para o registro de cada campanha de telemarketing ativo que for realizada, junto com os dados da marca responsável. Se quiserem, as operadoras podem criar uma máscara por cima desse portal unificado, para fornecer aos seus clientes uma experiência customizada – mas os dados continuarão sendo armazenados de maneira centralizada pela ABR Telecom.

A adoção do Stir/Shaken não é obrigatória para campanhas de telemarketing ativo. Mas acredita-se que essa tecnologia aumentará a taxa de chamadas atendidas.

A estratégia comercial ainda precisa ser definida por cada operadora. O serviço de autenticação provido pelo Stir/Shaken pode ser comercializado à parte, ou embutido em um pacote que inclua um volume de minutos.

Dispositivos e rede

Uma das maiores dificuldades do Stir/Shaken será a diversidade do parque de smartphones em serviço no Brasil. Bichara de Melo, da Datora, estima que sejam mais de 4 mil modelos diferentes. Além disso, há outras duas variáveis que podem impactar na experiência: as versões do sistema operacional e do aplicativo de discagem.

Por conta dessa fragmentação, é esperado que neste começo de operação haja experiências muito distintas dependendo da combinação dessas variáveis (modelo, OS e app de discagem). Pode ser que em alguns casos somente uma ou outra informação provida pelo Sitr/Shaken apareça na tela. Mas Bichara de Melo acredita que fabricantes e desenvolvedores vão se esforçar ao longo das próximas semanas para atualizar sistemas operacionais e apps para acelerar a adaptação a essa nova tecnologia.

Cabe lembrar, por fim, que o Stir/Shaken no Brasil vai funcionar somente quando o usuário final estiver conectado em redes 4G ou 5G. As operadoras concluíram que o investimento que seria necessário para adaptar as redes 2G e 3G encareceria demasiadamente o serviço.

(Com colaboração de Isabel Butcher)

Ilustração no alto: Nik Neves

 

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