Depois de iniciar o movimento para acabar com o compartilhamento de senhas nos Estados Unidos, a Disney começa a cobrança por senha dos seus serviços de streaming a partir de julho deste ano em alguns países, com previsão de atingir todos os mercados onde atua até setembro deste ano. O CEO da companhia, Bob Iger, disse em entrevista à rede CNBC na última quarta-feira, 4, que mira transformar a unidade de negócios de modo que ela cresça com o novo formato de cobrança, entre outras mudanças.
Durante a transmissão, o CEO também teceu diversos elogios à Netflix, que iniciou o movimento de cobrança por senha e um plano com publicidade mais barato ao consumidor, mas lembrou que embora tenha lançado o Disney+ há quatro anos (2019), chegou a alcançar a Netflix e ficou em segundo lugar em termos de assinantes. Contudo, o executivo reconheceu que perderam mais dinheiro no processo de criar o serviço de vídeo, algo que aconteceu pelo foco no crescimento em curto prazo. Lembrou que quando voltou à companhia, em 2022, as perdas eram de US$ 4 bilhões por ano e o negócio não era sustentável, mas reduziu para US$ 130 milhões no último trimestre de 2023, uma grande melhora em sua visão.
Estratégia
Agora, a ordem é mudar de vez a estratégia da Disney no streaming. A companhia deixará o foco do negócio lucrativo de lado para mirar no crescimento, algo que passa por:
- Uso de ferramentas tecnológicas para reduzir o churn, além da cobrança por senha;
- Mais engajamento e mais tempo de uso da plataforma pelo consumidor;
- Uso de ferramenta de recomendação;
- Redução do custo com marketing e custo de aquisição do cliente (CAC);
- Escolha de mercados fora dos Estados Unidos que podem crescer com programação local.
Com a mudança de estratégia, a Disney espera voltar a lucrar com streaming a partir do quarto trimestre do ano fiscal 2024.
Entenda
A nova estratégia da Disney no streaming chega após Iger vencer uma batalha para se manter no comando da companhia em uma assembleia de acionistas no último dia 3 de abril, em uma disputa travada contra o investidor Nelson Peltz que desejava fazer mudanças na empresa. Na entrevista ao canal norte-americano, o CEO defendeu a importância da compra da Fox por US$ 71 bilhões, que permitiu trazer grandes propriedades intelectuais, talentos e enrobustecer seu serviço de vídeo com o streaming Hulu – que agora está junto do Disney+. A aquisição era um dos pontos de crítica de Peltz à gestão de Iger pelo alto custo e baixo retorno de investimento.
Imagem principal: Arte criada pelo artista Nik Neves para Mobile Time