| Publicada originalmente no Teletime | Entidade que representa provedores de banda larga de pequeno porte, a Abrint está defendendo uma “inundação” do mercado com roteadores no padrão Wi-Fi 6E como forma de garantir toda a faixa de 6 GHz para os serviços de Wi-Fi. Para isso, a associação tem buscado interlocução com fornecedores e já comemora quedas de preços.

A leitura foi realizada pelo conselheiro da Abrint, Basílio Perez, durante o Fórum das Operadoras Inovadoras 2024 realizado nesta quarta-feira, 10, em São Paulo, por Mobile Time e Teletime.

“Estamos empenhados na conversa com os fabricantes, inclusive nacionais, para fabricação no País, porque esse foi um gargalo e o argumento principal que usaram para tentar deixar parte desse espectro para ser usado em IMT [serviços móveis, como o 5G]: a falta de equipamentos”, apontou Perez.

Na Conferência Mundial de Radiocomunicações (WRC) de 2023, em Dubai, o Brasil deixou a porta aberta para destinar metade do espectro de 6 GHz para as redes de celular. A Abrint destaca, contudo, que a regra vigente ainda é a totalidade da faixa para serviços não licenciados, como Wi-Fi.

“O que aconteceu em Dubai de colocarem nota de rodapé que parte do espectro pode ser usado para IMT é um ‘pode’, não algo está valendo. O que está no regulamento hoje é que todo o espectro é do Wi-Fi e o que tentamos fazer é inundar o mercado de equipamentos [que operam em 6 GHz], para criar um problema difícil depois, se quiserem tirar parte desse espectro”.

Segundo Perez, já há avanços importantes na redução de preços, considerados o grande gargalo para adoção dos novos roteadores. “Os primeiros custavam coisa de R$ 5 mil a R$ 6 mil reais o roteador, mais caro que a televisão na casa das pessoas. Neste ano chegamos em Barcelona [no MWC] vendo roteadores de R$ 1 mil, e saímos de lá com roteador de menos de R$ 800, a partir de conversas com fornecedores”.

Para o dirigente da Abrint, a destinação de todos 1.200 MHz do 6 GHz para o uso não licenciado no Wi-Fi foi um alento para o segmento. “O Wi-Fi está defasado, há vinte anos não recebia uma nova alocação de espectro, quando o 5,8 GHz entrou como possibilidade. Hoje roteadores dual band de 2,4 GHz e 5,8 GHz já não são mais capazes de atender as próprias velocidades que provedores já conseguem entregar na fibra, como 1 Gbps. Então precisamos de mais espectro para o Wi-Fi”.

A indústria móvel também defender necessitar do espectro de 6 GHz para atendimentos das demandas do 5G e novas gerações de rede. Para entidades da cadeia, deixar toda a faixa para Wi-Fi poderia ser uma forma de subutilizar a radiofrequência.

Foto: Basílio Perez, conselheiro da Abrint. Crédito: Elaine Ballog/Mobile Time

 

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