A OpenAI iniciou a sua primeira operação comercial asiática em Tóquio, no Japão, nesta segunda-feira, 15. A companhia anunciou a contratação de Tadao Nagasaki como presidente no País, além de uma versão customizada do modelo GPT-4 no idioma local.
Formado em matemática pela Cal State University e em formação executiva pela Stanford University, o executivo foi presidente da AWS no Japão por 12 anos e antes foi por dez anos presidente da F5 Networks no País. Também teve passagem pela Dell no começo de carreira.
De acordo com o blog da empresa, Nagasaki terá como missão construir o time da OpenAI no Japão, que terá áreas de assuntos globais, marketing e produto (go-to-market), comunicação e operações.
Vale dizer, além do Japão, a OpenAI tem escritórios em São Francisco, Estados Unidos; Londres, Reino Unido; Dublin, Irlanda; além de operações remotas em Bruxelas, na Bélgica, e Nova Iorque, nos EUA.
GPT-4
Com acesso prévio liberado para algumas empresas e esferas do governo no Japão, o modelo do GPT-4 traduz e resume textos em japonês. Entre os players que tiveram acesso estão:
- O app de ensino Speak de inglês e japonês que usa o GPT 4 para acelerar as explicações dos professores em japonês;
- Daikin, Rakuten e TOYOTA Connected que usam a versão corporativa do ChatGPT (Enterprise) para automatizar processos, analisar dados e obter melhorias internas;
- E a cidade de Yokosuka que está na província de Kanagawa para melhorar a eficiência no serviço público.
O lançamento público do GPT-4 customizado para o japonês deve ocorrer nos próximos meses.
Análise – Por que o Japão?
Um dos motivos para a OpenAI ter iniciado a operação no Japão é a possibilidade de colaborar mais de perto com governos locais e, eventualmente, ajudar a fazer uma regulação mais favorável à empresa de modo a impactar no resto do mundo.
A própria OpenAI traz parte dessa visão em seu blog:
“À medida que expandimos as nossas operações internacionalmente, estamos ampliando para a Ásia com um novo escritório em Tóquio, no Japão. Estamos comprometidos em colaborar com o governo japonês, empresas locais e instituições de pesquisa para desenvolver ferramentas seguras de IA que atendam às necessidades exclusivas do Japão e para liberar novas oportunidades. Escolhemos Tóquio como o local do nosso primeiro escritório na Ásia por sua liderança global em tecnologia, cultura de serviço e uma comunidade que abraça a inovação”, diz trecho da publicação.
Também corroboram com esses fatores aspectos políticos e econômicos, como:
- O Japão é uma das sete maiores economias do mundo e faz parte da OCDE;
- O Japão ainda não tem uma regulação ampla de IA, algo que o partido Liberal Democrata que lidera o governo quer puxar ainda neste ano, segundo a Reuters;
- As leis japonesas que cercam a IA até o momento são consideradas adjacentes, brandas e avaliam apenas certos aspectos da IA, como a governança de IA, o Ato de Proteção Pessoal e guias de princípios de IA e de imagens de câmeras.
A maioria dessas ações regulamentares foram capitaneadas pelo Ministério da Economia, Indústria e Comércio do Japão (METI). Também pesa a favor do Japão o fato de que o investidor e agora rival da companhia Elon Musk tem forte ligação com o governo chinês por meio dos avanços da Tesla, inclusive com fábrica local em Xangai.
Imagem principal: Arte de Nik Neves para Mobile Time