A partir de maio a Anatel promoverá uma “grande expansão” dos testes do protocolo de autenticação e identificação de chamadas Stir/Shaken. Atualmente, alguns poucos clientes participam desta fase inicial, segundo Gustavo Borges, superintendente de controle de obrigações da Anatel.
Até o momento, cerca de 50 operadoras aderiram à implementação da tecnologia, ou seja, cadastradas e com contrato assinado, tanto da telefonia fixa quanto da móvel.
Um dos maiores entraves para que o Stir/Shaken escale e esteja em todos os aparelhos móveis é sua dificuldade em adaptar dispositivos e sistemas operacionais – que precisam estar atualizados e adaptados para receber a tecnologia. Borges, no entanto, garantiu que alguns modelos de celulares estarão 100% compatíveis desde o início de sua implementação. E que “a maioria já está compatível com a autenticação de chamadas, desde o Android 11 para frente, inclusive os celulares da Apple também”.
“Neste primeiro momento, cada fabricante avalia a sua adesão – se será parcial ou total – ao Stir/Shaken. Mas a gente viu que todos eles estão aderindo, especialmente nesta primeira fase, que é a autenticação da chamada, ou seja, a validação de que é mesmo aquela empresa que está ligando”, explica Borges. A adesão começa mais intensamente a partir de aparelhos mais modernos, mais novos. “Mas eles também estão analisando as adaptações dos demais. Temos um diálogo bastante importante com os fabricantes para que façam a adesão de compatibilidade o mais rápido possível e se a agência identificar que eles não está havendo o movimento adequado, a gente pode estudar novas medidas”, diz.
Se a autenticação parece ser menos complexa de avançar, não se pode dizer o mesmo sobre a entrega de informações extras, que a Anatel chamada de “identificação”, como logo da companhia e motivo da chamada. Essa é a maior dificuldade de adaptação dos handsets. Estes dados serão atualizados paulatinamente, conforme os avanços nas adaptações de cada dispositivo, explicou o Borges. “Há uma complexidade técnica de cada terminal e os fabricantes estão fazendo essa esteira. Mas alguns hoje já vão nascer compatíveis com a identificação também”, disse. De acordo com as apurações de Mobile Time, a Motorola, por exemplo, terá somente os dobráveis aptos a terem tanto a autenticação quanto a identificação neste primeiro momento. Para os demais, a previsão é o terceiro trimestre deste ano.
Vale lembrar ainda que a autenticação oferecida pelo Stir Shaken funcionará somente em aparelhos a partir do sistema operacional Android 11. No caso do iOS, Borges não informou a partir de qual versão estará disponível.
“O Stir/Shaken tem essas duas coisas: ele identifica e autentica a chamada. Para que ele combata a fraude, que é o grande ganho de imediato, a autenticação está recebendo uma grande adesão de fabricantes e muitos modelos de aparelho. Então, já partimos com isso. E o restante vai havendo adesão na medida da compatibilidade técnica de cada modelo de cada fabricante”, explica Arthur Coimbra, conselheiro da agência.
“O Stir/Shaken terá as opções de nome, logo e motivo, mas a autenticação é o cerne de tudo, o legado. E o que está avançando mais rápido é a autenticação. Acho que resolve boa parte dos problemas”, defende Vinícius Caram, superintendente de outorgas da Anatel.
0303
Caso as empresas que fazem chamadas massivas façam a adesão ao Stir/Shaken, elas poderão optar em usar ou não o número 0303.
“Achamos que esse é um modelo bastante justo. Estamos confiando que vai funcionar muito bem no Brasil e que terá uma alta adesão. Ele nos parece ser suficiente, mas se entendermos que devemos obrigar em algum momento a adesão, faremos. A princípio, o modelo de adesão está sendo bem aceito e destravou um projeto bastante importante e complexo, inclusive como em qualquer país que fez sua adesão. Estamos vendo que será um sucesso”, afirma Coimbra.