A Oppo terá a Multi (ex-Multilaser) como parceiro para fabricar seus smartphones no Brasil, segundo nota enviada pela empresa brasileira à CVM e a seus acionistas na noite da última quarta-feira, 8. De acordo com a Multi, a parceria envolve produção e distribuição dos produtos no Brasil. Com isso, a companhia chinesa será responsável por definir “marketing, trade marketing e posicionamento do produto”.

Procurada por Mobile Time nesta quinta-feira 9, a Multi informou que o contrato com a HMD se encerrou em abril deste ano. A parceria com a marca detinha os direitos da Nokia em handsets – que caiu no final de 2023 – e poderia trazer problemas à brasileira por questão de conflito de interesse, por exemplo.

Oppo no Brasil 

Na quarta-feira, a Oppo anunciou a sua chegada no Brasil, mas o único parceiro citado no lançamento foi a varejista Magalu que iniciou a venda dos celulares da marca no País. Dois celulares foram lançados (A58 e A79 5G) e um terceiro (Reno 11F 5G) foi prometido para o final de maio.

Vale lembrar que esta é a segunda vez que a Oppo entra no mercado brasileiro. Na primeira tentativa, em 2022, a companhia teve como parceiros Amazon, Vivo e Usina de Vendas, mas não deu certo e a empresa encerrou a operação menos de seis meses depois.

Importante dizer, a Oppo faz parte do grupo BBK que possui outras duas marcas de renome no mercado internacional, Realme e OnePlus, sendo que a primeira já é comerciaalizada no País.

Análise

Não é a primeira vez que uma empresa de celulares sai e volta ao mercado brasileiro. Xiaomi veio com operação própria em 2015 e voltou em 2019 em parceria com a DL. Se manteve até então, apesar das críticas sobre a forte presença de seus dispositivos no mercado cinza.

A Huawei entrou em 2015. Saiu por uma questão estratégica. Voltou em 2018, mas saiu do segmento por conta do conflito geopolítico entre Estados Unidos e China, mas manteve no mercado brasileiro  a operação de wearables.

Esse entra e sai dificulta a relação com o consumidor e com o varejista na ponta, que não têm confiança se a marca ficará no País tempo suficiente.

Sem confiança no suporte pós-venda, o consumidor pode optar pelo mercado cinza, em que paga mais barato. Porém, vale lembrar que o Brasil está fechando o cerco para o contrabando de celulares, seja com ações policiais, ou com iniciativas de controle dos marketplaces.

Por outro lado, a parceria com fabricantes do exterior e players brasileiros como DL, Multi e Positivo (está com a Infinix) ajuda tanto na economia local, como também traz mais transparência e garantia de que haverá suporte e assistência ao consumidor.

Análise 2

As marcas vêem no Brasil um oásis para vender smartphones intermediários a um público sedento por aparelhos de qualidade e preço baixo. Parte dessa miragem seriam os 12% do mercado brasileiro que a LG deixou vago quando saiu do mercado global de handsets em 2020. Outra parte são os 40 milhões a 50 milhões de novos devices que abastecem os brasileiros anualmente.

Mas a realidade é diferente. Os 12% da LG foram abocanhados pelos líderes do mercado, como Samsung e Motorola. Além disso, o mercado de celulares está lento em consumo, mesmo com a chegada do 5G. Sem contar os mercados cinza e de handsets usados – para comprar um Android novo de R$ 2 mil se pode pegar um iPhone antigo pelo mesmo preço e que dura mais ou um Android no mercado cinza por R$ 1 mil?

Por outro lado, no cenário global os dispositivos estão subindo muito o preço (há equipamentos valendo mais de R$ 10 mil), os usuários estão ficando mais tempo com os handsets (em média, dois anos) e buscando por funções e handsets que durem mais. Ou seja, as marcas estão subindo os preços dos devices para compensar o baixo consumo, mas o usuário está mais exigente e procura melhores preços e aparelhos com mais durabilidade.

Imagem principal: Arte de Nik Neves para Mobile Time

 

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