Existe uma escassez de crédito de longo prazo e baixo custo para pequenos provedores. E o motivo é a assimetria de informações, custos de transação e governança, segundo o especialista líder em telecomunicações do BID, Luiz Guilhermo Lopez. Durante o Encontro Nacional da Abrint nesta quinta-feira, 13, Lopez apresentou um diagnóstico sobre crédito para conectividade digital.
De acordo com pesquisa com ISPs e bancos locais, os pequenos provedores têm em média CDI mais 9% a 30% de juros em bancos comerciais e uma grande operadora paga CDI e mais 1,5% de taxa. O executivo explicou que isso acontece pelo fato de que “os bancos brasileiros não conhecem os ISPs”. Para diminuir essa lacuna, o BID apresentou o sistema SISCRED-ISP, que usa dados para diminuir o risco e dar confiança para as instituições financeiras concederem financiamentos.
“Especificamente, nós queremos usar a ciência de dados para reduzir a assimetria das informações, usar dados do regulador, dos bancos e da política pública. Para facilitar que os três setores dialoguem”, disse Lopez, que afirmou ter US$ 400 milhões para financiar projetos de conectividade e transformação digital no Brasil por meio de mecanismos como Fust e BNDES Prodigital.
Janyel Leite, vice-líder do conselho de administração da Abrint, afirmou para uma plateia de gestores de ISPs sobre a importância da ciência de dados e da informação. Para Leite, os pequenos provedores não vão longe sem dados.
“Vocês têm o papel de informar seus dados, sejam públicos (com Anatel) ou não. Para conseguir financiamento vocês precisam cuidar dos dados contábeis, assim como vocês já cuidam da fibra”, relatou Leite. “Falando para pequenos e médios que faturam menos de R$ 10 milhões, o software pode tentar reduzir a desigualdade no acesso ao crédito”, completou.
Imagem principal: De pé, o especialista líder em telecomunicações do BID, Luiz Guilhermo Lopez (crédito: Henrique Medeiros/Mobile Time