|Matéria atualizada em 17 de julho, às 19h15, com a adição de análise| A Meta suspendeu o acesso a seus serviços de IA generativa no Brasil. A decisão da empresa acontece exatamente quando termina o prazo de cinco dias determinado pela ANPD para que a Meta comprovasse o cumprimento de exigências relacionadas à sua nova política de privacidade. O descumprimento acarretaria em uma multa diária de R$ 50 mil. Mobile Time confirmou que a funcionalidade de criação de figurinhas com IA generativa no WhatsApp, por exemplo, já não está mais disponível. A notícia da suspensão dos serviços foi dada primeiro pelo jornal O Globo.
O imbróglio começou no início de julho, quando a ANPD suspendeu a nova política de privacidade da empresa, que fazia uso de dados de seus usuários para treinar aplicações de IA. Na concepção da autoridade nacional, a holding não foi transparente ao mudar os termos de privacidade e teria violado a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD).
Na Europa, o lançamento do chatbot Meta foi adiado por problema similar com órgãos reguladores. Por outro lado, enquanto no velho continente a empresa de Mark Zuckerberg informou que faria as mudanças necessárias, por aqui, a holding resiste.
Questionada sobre a medida adotada, a holding ainda não respondeu Mobile Time.
Análise sobre atitude da Meta
Não é a primeira vez que a Meta opta por tirar serviços do ar em vez de se adequar a leis ou regulamentações locais. No Canadá, durante a tramitação de uma lei que obrigaria o Facebook a remunerar os jornais pela publicação de notícias na rede social, a empresa ameaçou proibir que seus usuários publicassem links de notícias. Na época, alguns analistas acreditaram que era um blefe. Mas, depois que a lei foi promulgada, o Facebook cumpriu a promessa. Preferiu impedir a publicação de links de notícias a pagar aos veículos o que a lei determinava.
O resultado foi desastroso para os jornais locais, pois provocou uma queda em sua audiência, diminuindo ainda mais a receita com mídia programática em seus sites. O problema canadense repercutiu durante o Festival 3i deste ano, realizado pela Ajor, servindo de alerta para outros mercados aonde veículos de notícias discutem a criação de uma lei similar.
Em junho deste ano, a holding interrompeu a mesma coleta de dados para o treinamento de modelos de inteligência artificial na União Europeia pelos mesmos motivos: investigação do órgão regulador irlandês, a Comissão de Proteção de Dados (DPC, na sigla em inglês).