Idealizado pela startup brasileira Psyche Aerospace, o drone Harpia P-71, com seus 8 metros de envergadura por 4,5 metros de comprimento, foi pensado para o extenso mercado agrícola do Brasil. O equipamento é usado na pulverização, tem capacidade de cobertura de 300 mil hectares e carrega até 60 mil litros de defensivos agrícolas. Com funcionamento autônomo, ele deve começar a voar sobre as plantações do país até o final deste ano.

Segundo a empresa, o drone é um investimento que reduz o uso de agrotóxicos, tem maior eficiência de operação e oferece independência em relação à mão de obra e infraestrutura. Além disso, proporciona uma redução de custos de 20% a 30%. A solução foi idealizada por Gabriel Leal, filho e neto de produtores rurais, que usou a experiência familiar para encontrar uma solução que lhe abrisse caminho no mercado aeroespacial. Além dele, José Eduardo Costas e Victor Hespanha são sócios e conselheiros da empresa.

Drone cria diálogo entre áreas distintas

Leal analisa que o setor de tecnologia e o de agricultura pouco dialogam. Por isso, sonhava em desenvolver algo que permitisse mudar esse cenário e que quebrasse parte da bolha aeroespacial. O CEO explica que a oferta brasileira de drones é composta por modelos criados em outros países e o diferencial do Harpia P-71 entraria aí. “Um equipamento focado no território nacional e suas especificidades”, diz.

O jovem de 23 anos passou a pensar em como criar um produto totalmente nacional. Para ele, era necessário que o equipamento conseguisse representar “o que é a agricultura para o Brasil e para o mundo”. Com o website do equipamento criado, o passo seguinte foi submeter o projeto ao Parque Tecnológico de São José dos Campos, que abriu as portas para desenvolvê-lo.

Autônomo

O equipamento identifica a necessidade de pulverização durante seu voo, através do sensoriamento de uma câmera de alta resolução, que é capaz de fazer leitura em infravermelho e em aspectos magnéticos. Através dos radares embutidos, o usuário acompanha a rota do voo por um ground control. Nele, é ainda possível visualizar as imagens, caso o equipamento saia do caminho planejado. Tudo isso, graças à tecnologia 4G. Em termos de autonomia de voo, o produto voa entre cinco a seis horas, sem necessidade de recarga.

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Modelo Harpia P-71 está nos testes finais e será disponibilizado através de contratos anuais de serviço. Foto: divulgação.

Por voar em baixa altitude, o drone apresenta uma precisão maior. Assim, se ele de fato identificar uma área sofrendo com pragas ou doenças, a beluga começa a preparar a cal. Enquanto isso, o usuário precisa aprovar ou não o plano de voo sugerido. Se estiver de acordo, o equipamento se dirige à estação de reabastecimento, onde automaticamente recebe a dose necessária de defensivo agrícola.

Meta é alçar voos mais altos

Inicialmente, a Psyche deseja apenas fechar contratos anuais de serviço para o drone. Leal estima que o valor a ser cobrado gire em torno de R$ 20,00 por hectare, a cada aplicação feita. Antes de ser disponibilizado, o equipamento passará por mais testes neste segundo semestre, como o de balanceamento energético e do sistema de controle. ”Na prática, estamos fazendo um laboratório para simular tudo que vai acontecer no campo, então, é a fase em que saímos de um protótipo para um produto realmente”, explica o CEO.

Ele ressalta que a startup deseja ter um ecossistema de soluções para o drone e que isso também está incluso nas avaliações. Se tudo ocorrer como desejado, o Harpia P-71 deve ajudar o campo a partir de outubro deste ano.