Sócios da WideLabs apresentam Amazônia IA para a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação (Crédito: divulgação)

Os grandes modelos de linguagem (LLM, na sigla em inglês) mais conhecidos e seus respectivos bots, como ChatGPT e Claude, foram treinados com bases de dados estrangeiras, a maioria em inglês. Isso pode gerar algumas falhas ou imprecisões nas respostas a perguntas específicas sobre a cultura brasileira. Por isso, a startup nacional WideLabs desenvolveu um LLM brasileiro, o Amazônia IA, construído priorizando bases brasileiras de dados. Também foi criado um bot disponível na web e que leva o mesmo nome do LLM.

“É muito ruim quando tudo que se pergunta sobre o Brasil é respondido sob um ponto de vista de fora. O Brasil perdeu a corrida da Internet. Vamos perder também a corrida da IA? Tivemos atitude, coragem e ambição de criar um LLM brasileiro”, diz Nelson Leoni, CEO e fundador da WideLabs, em conversa com Mobile Time.

O Amazônia IA foi treinado combinando bases de dados públicas do Brasil e do exterior; bases de dados privadas protegidas por direitos autorais, mas cuja autorização de uso foi obtida pela WideLabs; e bases de dados sintéticos. O treinamento aconteceu ao longo de um ano e foi acelerado graças ao uso de processadores e infraestrutura de alta capacidade fornecidos por uma parceria com NVIDIA e Oracle, informa o executivo.

Amazônia IA

Nelson Leoni, fundador e CEO da WideLabs

O resultado é uma IA capaz de entender melhor o português, incluindo o variado vocabulário regional, e de responder sobre a cultura brasileira com muito mais propriedade.

Serve de exemplo a pergunta feita pela ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, em teste realizado durante a apresentação do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial, na semana passada. Ela perguntou ao Amazônia IA como fazer rapadura. O bot respondeu com diferentes receitas, dependo da região do País.

Outro exemplo: se perguntado sobre quem inventou o avião, o Amazônia IA cita Santos Dumont e os irmãos Wright. O ChatGPT, por ter sido treinado com dados estrangeiros, se esquece do inventor brasileiro.

Bot e modelo de negócios

O bot do Amazônia IA já pode ser acessado gratuitamente por qualquer pessoa neste link. Em breve será lançada uma versão premium, para assinantes, com mais funcionalidades.

O LLM, por sua vez, será disponibilizado para desenvolvedores por meio de uma API. O lançamento deve acontecer em setembro. Os preços ainda não foram divulgados.

A expectativa do executivo é de que o Amazônia IA registre 100 milhões de sessões por mês no ano que vem.

Outras vantagens do Amazônia IA

O fato de ser um LLM nacional traz uma série de outras vantagens, a começar pelo fato de seu preço ser em Reais, o que traz melhor previsibilidade para os desenvolvedores, evitando que o custo de um projeto seja afetado negativamente pela variação do câmbio.

Além disso, é um LLM que segue à risca a legislação brasileira, cuja base de dados fica hospedada no País e o processamento também é feito aqui. A operação acontece em dois data centers no Brasil. Por fim, toda a energia utilizada provém de fontes renováveis, afirma Leoni.

“Respeitamos a legislação brasileira. E garantimos que nenhum dado sai para fora do Brasil”, completa.

 

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