Ericsson, Nokia e Samsung relataram uma queda significativa em suas receitas durante o primeiro semestre de 2024. Essa tendência reflete as dificuldades que a indústria enfrenta para monetizar os investimentos em redes 5G, em um contexto marcado pela incerteza e pela diminuição dos gastos das operadoras de telecomunicações. É o que revela um relatório publicado pela Counterpoint.
Ericsson: Impacto nas receitas e estratégias para a América do Norte
A Ericsson registrou uma queda de 11% em suas receitas, atingindo US$ 10,7 bilhões. Essa diminuição se deve a um ajuste nos gastos dos operadores, especialmente na Índia, onde os investimentos em 5G haviam atingido níveis recordes em 2023. No entanto, a empresa conseguiu fortalecer sua presença na América do Norte, graças a um acordo com a AT&T para a implementação de uma infraestrutura de rede compatível com O-RAN.
Na América Latina e Europa, o declínio não foi tão acentuado em comparação com 2023, passando de US$ 2,9 bilhões para US$ 2,7 bilhões. Apesar desses desafios, a empresa continua liderando o segmento core de 5G e busca novas oportunidades de monetização por meio da implementação de APIs de rede e do crescimento em soluções empresariais sem fio.
Nokia: Reajuste estratégico e foco em redes ópticas
A Nokia, por sua vez, relatou uma queda de 21% em suas receitas, atingindo US$ 9,9 bilhões. A empresa experimentou uma queda significativa em seus segmentos de Infraestrutura de Rede e Redes Móveis, afetada pela redução dos gastos na Índia e pela perda da AT&T como cliente. Na América Latina, sua queda não foi tão notável comparada a 2023.
Em resposta, a Nokia vendeu seu negócio de redes submarinas e adquiriu a Infinera para reforçar sua posição no mercado de redes ópticas, onde espera ver um crescimento na segunda metade do ano. Além disso, as receitas da Nokia Technologies aumentaram 93% ano a ano, atingindo US$ 1,2 bilhão, com a renovação de seus acordos de licenciamento com OPPO e vivo.
No entanto, a empresa enfrenta desafios na transição para o 5G SA, com outros operadores optando por soluções da concorrência.
Samsung: Desafios no mercado global e perspectivas em Open RAN
A Samsung também foi impactada pela desaceleração dos gastos em infraestrutura, registrando uma queda de 31% nas receitas de sua divisão de redes móveis, que se situaram em US$ 1,1 bilhão. Apesar de ser um ator chave no domínio do vRAN e do Open RAN, a empresa enfrenta desafios semelhantes aos dos outros concorrentes. Assim como a Ericsson e a Nokia, essa queda não foi significativa no mercado da América Latina.
No entanto, a empresa permanece otimista quanto à sua capacidade de garantir contratos importantes a nível mundial, embora esteja sempre buscando inovar na monetização do 5G, particularmente em aplicações como FWA e redes privadas.
De acordo com o relatório, o setor enfrenta uma grande incerteza devido à falta de oportunidades claras para monetizar as redes 5G. Apesar da transição para o 5G SA e do potencial de tecnologias emergentes como as APIs de rede, os operadores mostram cautela, limitando novos investimentos em infraestrutura.
Enquanto isso, os fornecedores, incluindo Ericsson e Nokia, estão reajustando suas estratégias para manter sua liderança e explorar novos caminhos de crescimento em um ambiente desafiador.