Em valor transacionado, o Pix P2B (person to business, ou seja, de pessoa física para empresa) dobrou em um ano, passando de R$ 978 bilhões em julho de 2023 para R$ 1,88 trilhão em julho deste ano, respondendo por 39% do total. Para o vice-presidente de desenvolvimento de negócios da Fiserv Brasil, Rodrigo Climaco, o salto foi impulsionado pelas ferramentas de conciliação, que seriam mecanismos capazes de estabelecer conexão entre o pedido e o pagamento realizado via Pix. “Isso significa que houve atualizações nas ferramentas de automação dos próprios estabelecimentos”, explica.
Uma pesquisa realizada pela Fiserv aponta que entre as três principais finalidades em que o meio de pagamento é usado estão: pagar parentes e amigos (88%), boletos (76%) e prestadores de serviços (68%). Apesar da disponibilidade cada vez maior, pelo menos 27% dos respondentes admitiram que não usam a modalidade de pagamento por depender do celular para concretizá-la.
Problemas e desafios
Embora o cenário seja positivo para os dois lados, tanto consumidores quanto comerciantes apontaram que o principal entrave é a demora para processar o pagamento ou as falhas de conexão. Cada um dos dois casos motivou 19% e 18% dos entrevistados, respectivamente, a desistirem da compra ou até mesmo pararem de usar o Pix. Ao menos 29% das pessoas revelaram ter passado por um dos problemas e, para dar continuidade à compra, precisaram mostrar o comprovante de pagamento. A maioria acredita que nessas situações o responsável pelo contratempo é o banco (42%), seguido pelo sistema da loja (34%), Internet (13%), si própria (5%) e o vendedor (2%).
Há ainda questões que podem motivar os usuários do meio de pagamento a pararem de utilizá-lo. 64% dos participantes do estudo fariam isso em caso de taxa por uso; outros 38% o largariam por medo de sofrer golpes; perder a confiança no processo (37%); e não reaver o dinheiro em uma compra que não deu certo (32%). Apesar disso, o temor ainda não impede que as pessoas sigam utilizando o Pix: para 64% dos respondentes, ele é seguro.
Preferências x desigualdade social
No que tange a como utilizar a forma de pagamento, o uso de chave é o mais recorrente da imensa maioria, com 94%, seguido por QR code (60%) e link copia e cola (49%). Por via das dúvidas, ao saírem de casa, os usuários costumam ir munidos de outra forma de pagamento, os principais são cartão de crédito ou débito (79%), 30% ainda optam pelo dinheiro em espécie, enquanto 28% habilitaram o recurso de cartão virtual na carteira digital.
Outro ponto que chama a atenção é o recorte social. Nas classes mais altas, o cartão de crédito é o meio de pagamento majoritário. Para Climaco, isso tem relação com os benefícios e facilidades oferecidas. Nas camadas mais baixas, o pagamento por Pix vai abocanhando maior porcentual. Na classe E, por exemplo, a modalidade de pagamento representa 53% das transações da família.
Pequena parcela não usa Pix
Ainda segundo o levantamento, apenas 2% dos brasileiros não usam o pagamento via Pix. Entre os motivos, a maioria (79%) alegou ter receio por conta das fraudes, enquanto 21% admitiu não saber como usá-lo. Na avaliação do CEO, ainda há uma parte dessas pessoas que fazem a transferência, mas com ajuda de outra. “Apesar da minha mãe não saber como fazer Pix, há registros da movimentação na conta dela. Isso porque tem sempre alguém fazendo a transação quando ela precisa”, revela Climaco.
A pesquisa da Fiserv foi desenvolvida pela Opinion Box, em parceria com a Associação Brasileira de Tecnologia para o Comércio e Serviços (Afrac). Nela foram entrevistadas 2.020 pessoas, maiores de 16 anos, de todos os níveis econômicos e que são bancarizados, entre os dias 4 e 26 de junho.